PD01 - LPORT Módulo III

Disciplina: Língua Portuguesa I

Curso: Pedagogia 1º Semestre Profª Fernanda

MÓDULO III

Ortografia

A ortografia estabelece padrões para a forma escrita das palavras. Em nossa língua as palavras são escritas de acordo com critérios etimológicos (ligados à origem das palavras) e fonológicos (ligados aos fonemas representados). A forma de grafar as palavras é produto de acordos ortográficos que envolvem os diversos países em que o português é a língua oficial. Grafar corretamente uma palavra significa, portanto, adequar-se a um padrão estabelecido por lei. As dúvidas devem ser resolvidas por meio da consulta a dicionários publicações oficiais ou especializadas.

Alfabeto português

O Alfabeto da nossa língua é formado por vinte e três letras que, com pequenas modificações, foram copiadas do alfabeto latino.

Aa Bb Cb Dd Ee Ff Gg Hh Ii Jj Ll Mn

Nn Oo Pp Qq Rr Ss Tt Uu Vv Xx Zz

Além dessas letras, empregamos o Kk, o Ww e o Yy em abreviaturas, siglas, nomes próprios estrangeiros e seus derivados. Emprega-se ainda, o Çç, que representa o fonema /s/ diante de a, o ou u em determinadas palavras.

Orientações ortográficas

A competência para grafar as palavras está diretamente ligada ao contato freqüente com a forma escrita que assumem. Isso significa que o uso efetivo e constante é que resulta na memorização da grafia convencionada. Deve-se criar o hábito de esclarecer dúvidas com as necessárias consultas ao dicionário.

Regras ortográficas

  • Letra x e dígrafo ch: o fonema / /

àUsa-se a letra x:

  • após um ditongo:

ameixa caixa encaixar paixão rebaixar

baixo eixo frouxo peixe trouxa

Com exceção recauchutar e seus derivados

  • após grupo inicial em:

enxada enxaqueca enxovalho enxugar

enxame enxerido enxurrada

Exceção: encher e seus derivado (de cheio) e palavras iniciadas por ch que recebem o prefixo en-:

Encharcar (de charco) enchapelar (de chapéu)

Enchumaçar (de chumaço) enchiqueirar (de chiqueiro)

  • após o grupo inicial me:

mexer mexerica mexerico mexicano mexilhão

A única exceção é mecha

  • nas palavras de origem indígena ou africana e nas palavras inglesas aportuguesadas:

xavante xingar xiquexique xará xerife xampu

Escrevem-se com x, entre outras palavras:

Bruxa muxoxo xale

Capixaba praxe xaxim

Caxumba puxar xenofobia

Faxina relaxar xícara

Graxa rixa

Laxante roxo

Escrevem-se com ch, entre outras palavras:

Apetrecho chalé debochar

Bochecha fechar pechincha

Brecha pichar chuchu

Cachimbo flecha fantoche

Chicória piche comichão

Chicória tchau salsicha

Há vários casos de palavras homófonas (faladas da mesma maneira, mas escritas de forma diferentes) cuja grafia se distingue pelo contraste entre o x e o ch.Como:

Brocha (pequeno prego)

Chá (planta para preparo de bebida)

Chácara (propriedade rural)

Cheque (ordem de pagamento)

Cocho (vasilha para alimentar animais)

Tacha (mancha, defeito; pequeno prego)

Tachar (colocar defeito ou nódoa)

Broxa (pincel para caiação de paredes)

Xá (título do antigo soberano do Irã)

Xácara (narrativa popular em versos)

Xeque (jogada de xadrez)

Coxo (capenga, imperfeito)

Taxa (imposto, tributo)

Taxar (cobrar impostos)

· Letras g e j: o fonema /з/

à Usa-se a letra g:

  • nos substantivos terminados em –agem, -igem, -ugem:

barragem miragem impigem (impingem) rabugem

contagem viagem origem ferrugem

garagem fuligem vertigem lanugem

Exceção: pajem e lambujem

  • nas palavras terminadas em –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio:

adágio contágio estágio pedágio

colégio egrégio litígio prestígio

necrológio relógio refúgio subterfúgio

è As seguintes palavras são grafadas com g:

Aborígine bugiganga gengiva rabugice

Agilidade cogitar gesto tangerina

Algema drágea gibi tigela

Apogeu faringe herege vagem

Bege geada monge gengibre

àUsa-se a letra j:

  • nas formas dos verbos terminados em – jar:

arranjar (arranjo, arranje, arranjem)

enferrujar (enferruje, enferrujem)

despejar (despejo, despeje, despejem)

viajar (viajo, viaje, viajem)

  • nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica:

canjica jirau Moji

alforje pajé manjericão alfanje

jibóia jerico caçanje

  • nas palavras derivadas de outras que já apresentam j:

cereja à cerejeira lisonjaà lisonjear sarjaà sarjeta

gorja à gorjear, gorjeta lojaà lojista varejoàvarejista

laranjaà laranjeira rijoà enrijecer

à as seguintes palavras se escrevem com j:

Berinjela jeito laje projétil(ou projétil)

Cafajeste jejum majestade rejeição

Granja jerimum objeção traje

Hoje jérsei objeto trejeito

· Letras s e z: o fonema /z/

à Usa-se a letra s e z:

  • nas palavras que derivam de outras em que já exista s:

análise à analisar, analisador liso à lisinho, alisar

casa à casinha, casebre, casario português à aportuguesar, portuguesinho

catálise à catalisador

  • nos sufixos:

-ês, -esa (para indicação de nacionalidade, título, origem):

Chinês burguês calabrês marquês baronesa

Chinesa burguesa calabresa marquesa duquesa

-ense, -oso, -osa (formadores de adjetivos):

Caldense catarinense palmeirense paraense

Amoroso amorosa deleitoso deleitosa

Espalhafatoso gasoso gostoso

-isa (indicador de ocupação feminina):

Diaconisa papisa pitonisa poetisa profetisa

  • após ditongos:

ausência causa coisa Eusébio lousa náusea

  • nas formas dos verbos pôr (e derivados)e querer:

pus pusera pusesse puséssemos

quis quisera quisesse quiséssemos

repus repusera repusesse repuséssemos

à As seguintes palavras se escrevem com s:

Abuso asilo aviso colisão extravasar Isabel

Aliás atrás bis decisão fusível lilás

Usura anis através brasa evasão hesitar

Maisena revisão vaso obsessão (cuidado com obcecado)

à Usa-se a letra z:

  • nas palavras derivadas de outras em que já existe z:

baliza à abalizado raiz à enraizar

deslize à deslizar, deslizante razão à razoável, arrazoar

  • nos sufixos:

-ez, -eza (formadores de substantivos abstratos a partir de adjetivos)

Avaro à avareza macio à maciez rijo à rijeza

Intrépido à intrepidez nobre à nobreza singelo à singeleza

Inválido à invalidez rígido à rigidez surdo à surdez

-izar (formador de verbos) e –ização (formador de substantivos):

Civilizar à civilização humanizar à humanização

Colonizar à colonização realizar à realização

Hospitalizar à hospitalização

Não confunda com os casos em que se acrescenta o sufixo –ar a palavras que já apresentam s:

Analisar pesquisar avisar

Observe o uso da letra z nas seguintes palavras:

Assaz cuscuz prazeroso verniz catequizar

Cizânia gozo regozijo talvez buzina

Coalizão giz vazar vazio

à Em muitas palavra, a letra x soa como z:

Exagero exasperar exemplo exílio exonerar

Exuberante exaltar exato existir inexorável

Exótico exame exercer êxito executar

Há palavras homófonas em que se estabelece distinção escrita por meio do contraste s/z:

Cozer (cozinhar) coser (costurar)

Prezar (ter em consideração) presar (prender, apreender)

Traz (forma do verbo trazer) trás (parte posterior)

  • Letras s, c, ç e x – Dígrafos sc, sc,ss, xc e xs: o fonema /s/

Observe os seguintes fatos ortográficos:

  • a correlação gráfica nd/ns na formação de substantivos a partir de verbos:

distender à distensão expandiràexpansão suspender àsuspensão

estenderà extensão pretenderàpretensão tenderàtensão

  • a correlação gráfica ced/cess em nomes formados a partir de verbos:

acederà acesso concederàconcessão intercederàintercessão

cederà cessão excederà excessoàexcessivo

  • a correlação gráfica ter/tenção em nomes formados a partir de verbos:

absteràabstenção conteràcontenção reterà retenção

aterà atenção deterà detenção

  • em termos eruditos, surge o dígrafo sc:

acrescentar ascese fascículo nascer

adolescência crescer miscigenação piscicultura

obsceno discente disciplina ascensão

à na conjugação de alguns verbos aqui apresentados, surge :

Nasço nasça cresço

  • em algumas palavras, a letra x soa como ss:

auxiliar experiência expor sintaxe

contexto experto extravagante têxtil

expectativa expiar(pagar) texto expectativa

expoente sexta trouxe expectorar

Cuidado com esplêndido

  • os dígrafos xc e xs soam como ss:

exceção excedente exceder excelente excesso

excêntrico excepcional excerto exceto excitar

exsicar exsolver exsuar exsudar

à Há casos em que se criam oposições de significado devido ao contraste gráfico. Observe:

Acender (iluminar, pôr fogo)

Acento(inflexão de voz ou sinal gráfico)

Caçar (perseguir a caça)

Cegar (tornar cego)

Censo (recenseamento, contagem)

Cessão (ato de ceder)

Ascender (subir)

Assento (lugar para se sentar)

Cassar (anular)

Segar (ceifar, cortar para colher)

Senso (juízo)

Seção ou seão (repartição ou departamento; divisão) e

Sessão (encontro, reunião)

  • O dífono x

Em algumas palavras, a letra x representa dois fonemas: /ks/. Alguns gramáticos chamam a esse fenômeno dífono (do grego di, “dois”, + fono, “som”).

Afluxo asfixiar látex prolixo convexo

Amplexo axila fixo nexo reflexão

Anexo clímax nexo ortodoxo reflexo

Complexo paradoxo boxe flexão anexo

  • Letras e e i

à grafia dos ditongos:

  • os ditongos nasais /ãy/ e /õy/ escrevem-se ãe e õe:

capitães cães depõem mães põem

cirurgiães depõe mãe põe pães

Só se grafa com i o ditongo /ãy/ interno: cãibra (ou câimbra).

  • cuidado com a grafia das formas verbais:

à os verbos com infinitos terminados em –oar e –uar são grafados com e:

Abençoar à abençoe efetuar à efetue continuar à continue

Atuar à atue magoar à magoe perdoarà perdoe

à os verbos com infinitivos terminados em –air, -oer e –uir são grafados com i:

Cair à cai moer ài influir à influi

Sair à sai roer ài possuir à possui

Corroer à corrói doer ài atribuir à atribui

  • Cuidado com as palavras se, senão, sequer, quase. Atente também em irrequieto.

A oposição e/i é responsável pela diferenciação de várias palavras.

Área (superfície) ária (melodia)

Deferir (conceder) diferir (adiar ou divergir)

Delação (denúncia) dilação (adiamento, expansão

Descrição (ato de descrever) discrição (qualidade de quem é discreto)

Descriminação (absolvição) discriminação (separação)

Emigrar (sair do país de origem) imigrar (entrar em um país estrangeiro)

  • Letras o e u

à A oposição o/u é responsável pela diferença de significado entre algumas palavras:

Comprimento (extensão) cumprimento (saudação, realização)

Soar (emitir som) suar (transpirar)

Sortir (abastecer) surtir (resultar)

  • Letra h

à É uma letra que não representa fonema. Seu uso se limita aos dígrafos ch, lh, e nh, a algumas interjeições (ah, hã, hem, hip, hui, hum, oh) e a palavras em que surge por razões etimológicas,

Hálito hélice herbívoro hipismo horror

Hangar herói hérnia hipocrisia horta

Harpa Hélio Heloísa Henrique hífen

Horto humor hemorragia hesitar húmus

Em Bahia, o h sobrevive por tradição histórica. Nos derivados ele não é usado: baiano, baianismo.

  • Nomes próprios

à Os nomes próprios estão sujeitos às regras ortográficas, o que significa que existe uma forma convencionada de grafá-los. Segue abaixo a grafia oficial de alguns nomes próprios:

Aírton César Jéferson Luzia Rosângela

Anderson Elisa Inês juçara Selene

Baltasar Filipe Isa Luís Marisa

Helena Jacira Natacha Sousa Morais

Emprego do ss/ç

Regras que ajudam a não confundir o emprego do ss e do ç

a) Grafam-se com ss os nomes a que correspondem verbos cujo radical é ced:

Cessão (de ceder), acesso (de aceder)

b) Escrevem-se com ss os nomes a que correspondem verbos cujo radical é gred:

Regressão (de regredir), agressão (de agredir).

c) Grafam-se com ss os nomes a que correspondem verbos cujo radical é prim:

Impressão (de imprimir), repressão (de reprimir)

d) Escrevem-se com ss os nomes a que correspondem verbos derivados de meter:

Intromissão (de intrometer), submissão (de submeter)

e) Grafam-se com ss os nomes a que correspondem verbos terminados em tir:

Discussão ( de discutir), admissão (de admitir)

f) Emprega-se ç nos derivados de palavras terminadas em to:

Isenção (de isento), canção (de canto), alçar (de alto), ação (de ato)

g) Usa-se ç nos derivados do verbo ter e seus compostos:

Tenção (de ter), contenção (de conter), retenção (de reter).

h) Emprega-se ç após ditongos:

Eleição (ei = ditongo), afeição (ei = ditongo), traição (ai = ditongo)

i) Usa-se ç nos vocábulos de origem:

- árabe: açúcar, açucena, açafrão, muçulmano, açafate.

- tupi, africana ou exótica: araçá, Iguaçu, Juçara, miçanga, paçoca, Paraguaçu, Moçoró, caçula, muçurana.

j) Grafam-se com ç as palavras em cuja formação entram os sufixos ação, aça, aço, iço, iça e uça:

marcação, armação, embarcação, alegação, barcaça, mulheraça, carcaça, linhaça; ricaço, mormaço, estilhaço, enfermiço; carniça; dentuça.

Emprego s

a) Grafam-se com s os nomes a que correspondem verbos cujo radical termina em nd: expansão (de expandir), suspensão (de suspender), pretensão (de pretender), ascensão (de ascender).

b) Escrevem-se com s os nomes a que correspondem verbos cujo radical termina em rg ou rt: imersão (de imergir), inversão (de inverter), conversão (de inverter), conversão (de converter), diversão (de divertir).

c) Usa-se s nos nomes a que correspondem verbos cujo radical é pel ou corr: expulsão (de expelir), discurso (de discorrer), concurso (de concorrer).

Tipos de texto

Conhecemos três modalidades básicas de texto: descrição, narração e dissertação, mas, dificilmente um texto apresenta somente descrições ou narrações, ou dissertações puras, embora haja uma estrutura dominante, um esquema fundamental.

Para redigir bem é necessário o conhecimento das diferentes formas de composição do texto, a fim de aplicá-las adequadamente, segundo as exigências de clareza e correção do que se vai comunicar.

Só se descreve o que pode ser percebido sensorialmente; só se narra o que é factual, o que tem história, o que acontece no tempo; só se disserta com juízos, raciocínios e idéias. Quem disserta não conta fatos (função do texto narrativo), também não retrata seres, como na s descrições: cita os fatos para interpretá-los e relaciona-los, usa os seres nas articulações do raciocínio. Portanto, de acordo com os objetivos de uma redação, haverá predominância de um tipo específico de tratamento do assunto, que pode ser a descrição, a narração ou a dissertação.

Inicialmente, a distinção de dois tipos fundamentais de redação: a literária e a técnica ou cientifica.

Redação literária:

Engloba os três tipos básicos de textos (descrição, narração, dissertação), incluindo-se nesse grupo ainda: editorial, a crônica, a notícia e a reportagem.

A redação literária deve apresentar três partes distintas, ou seja, introdução, o desenvolvimento e a conclusão.

Redação técnica ou científica

Procura estabelecer todo tipo de linguagem que trata de assuntos técnicos ou científicos, como a redação oficial, comercial, bancária, enfim, a linguagem profissional em seu campo de trabalho, como a elaboração de requerimentos (petições), cartas, memorandos, relatórios, memoriais, manuais.

Descrição

  1. Conceito

Descrição é a representação verbal de um objeto sensível. Compara-se à fotografia, mas admite interpretação, salvo se se trata de descrição técnica.

No texto descritivo, a intenção do autor é a de caracterizar, apresentar atributos dos seres (imaginários ou reais, animados ou inanimados) retratados. Quando se descrê apenas um ser, o texto pode ser estruturado em um único parágrafo.

Estilisticamente, as figuras de linguagem que predominam nessa modalidade são: comparações e metáforas. Linguisticamente predominam substantivos, adjetivos e verbos de ligação ou de estado.

  1. Espécies

Há quatro espécies principais de descrição:

a) de ser animado ou inanimado (pessoa, animal, objeto);

b) de interior (ou ambiente);

c) de paisagem;

d) de cena.

  • Costuma-se chamar retrato a descrição de pessoas, pois corresponde, realmente, a uma fotografia feita por meio de palavras, destacando-se traços capazes de transmitir uma impressão de conjunto. Uma boa descrição de pessoa é a que procura selecionar os aspectos particularizantes mais significativos, sem acumular detalhes supérfluos.
  • Na descrição de interior, visualiza-se um ambiente; a sala de estar, a biblioteca, com seus aspectos peculiares, móveis e adornos pertinentes.
  • Para descrever uma paisagem, o observador abrange de uma só vez, totalidade do panorama; depois, aos poucos, vai enumerando as partes do todo, de preferência, pela ordem de proximidade.
  • A descrição de cena é movimentada, dinâmica, ao contrário das demais, que são de natureza estática. Para se descrever uma cena, admitem-se fases, isto é, um desenvolvimento progressivo no tempo. Não se deve confundir com a narração, que é uma seqüência de fatos. A descrição apresenta aspectos sucessivos do mesmo fato.
  1. Estrutura

A descrição admite três partes:

a) Apresentação

Na apresentação do objeto da descrição, que corresponde a introdução, usa-se, muitas vezes, um período típico de narração, como, por exemplo: “O novidadeiro empurrou a porta e penetrou em uma pequena sala...”.

b) Dinamização

A dinamização ocorre nas descrições de cenas e caracteriza-se pela sucessão de fases ou aspectos relativos ao mesmo fato.

c) Impressão

É a característica da descrição psicológica, que envolve a interpretação do autor. São sensações visuais, auditivas, táteis, gustativas, olfativas; traços emocionais ou reflexões externadas pelo escritor.

4. Características

A descrição pode ser literária ou técnica, segundo sua finalidade. De maneira geral, a descrição literária é mais subjetiva, enquanto a técnica não prescinde da objetividade. Nada impede, contudo, que uma descrição técnica apresente qualidades literárias.

A descrição técnica aplica-se a objetos, aparelhos ou mecanismos. Os manuais de instruções para uso de veículos ou montagem de aparelhos são os exemplos mais comuns de descrição técnica. Pode-se também descrever tecnicamente objetos usuais, tais como garrafas térmicas, panela de pressão, gaiola de passarinho, relógios etc.

Narração

1.Conceituação

Narração é o relato de fatos ordenados em seqüência lógica, com inclusão de personagens.

Em um texto narrativo, a intenção do autor é a de relatar fatos, acontecimentos que se sucedem no tempo, envolvendo personagens e ação. A presença dessa linearidade temporal é uma das características que distingue a narrativa das outras modalidades de redação.

Os elementos da narrativa são: enredo (qual história que se conta?); personagens (quem participa dos acontecimentos?) tempo (quando se passam os fatos?) e espaço ou lugar (onde ocorre a trama?).

Ocorre, contudo, a presença facultativa de outras circunstâncias, segundo o seguinte esquema:

Como? Modo como se desenvolvem os fatos

Onde? Local ou locais da ocorrência

Quando? Tempo, época ou momento em que se passa o fato

Por quê? Causa ou motivo do acontecimento

Por isso conseqüência ou resultado.

Porém nem sempre é necessária a presença de todos os elementos acima para que a narração seja completa.

2.Espécies

Há várias espécies de narração:

a) História do gênero humano à são por excelência, modelos de narração, pois nada mais são que relatos, verídicos ou imaginários, de fatos, episódios, que nos são transmitidos através de gerações.

b) Biografias ou autobiografias à são relatos da visa de personagens ilustres. A autobiografia, relato da vida do próprio autor tem o nome de memórias quando dá ênfase aos costumes e circunstancias de determinada época; chama-se perfil quando se limita aos traços característicos da pessoa em questão, geralmente relatados de maneira irônica ou divertida.

c) Contos, novelas, romances, anedotas à são histórias que,. De maneira geral, resultam da imaginação de seus autores.

d) Entrevistas e reportagens à são constituídas, basicamente, de episódios, de depoimentos da pessoa entrevistada. As reportagens sejam policias, de eventos culturais, de viagens ou acontecimentos inusitados, baseiam-se nos fatos, que são a matéria da narração.

3.Estrutura

Uma narração contém as seguintes partes:

à Exposição. É a apresentação do assunto ou tema.

à Complicação. São as peripécias ou desenrolar dos acontecimentos; a ação das personagens o conflito entre personagens e situações.

à Clímax. É o auge do conflito, o ponto culminante da história ou o suspense da narrativa.

à Desfecho. É a resolução do conflito, apreciação, comentário ou generalização.

4.Características

A narração não é exclusividade dos contos, romances e outras formas de expressão em prosa. Ela aparece também em versos, nos poemas, letras de músicas.

A narração é caracterizada pelo emprego dos verbos de ação que traduzem a movimentação das personagens no espaço e no tempo, bem como a sucessão dos fatos em função do enredo. Caracteriza-se principalmente pela transmissão do pensamento das personagens, que se manifestam em diferentes modalidades de discurso para contar uma história.

1. DISCURSO DIRETO – é a reprodução da fala, textualmente, pelo narrador, também chamada de diálogo.

2. DISCURSO INDIRETO – o narrador passa para o leitor, com suas palavras, o que a personagem disse, transmitindo o pensamento da mesma.

3. DISCURSO INDIRETO LIVRE – o narrador mistura-se com a fala da personagem, revelando o mundo interior da própria personagem.

Ao narrar, o escritor pode ainda utilizar dois tipos de foco narrativo, ou seja, pode contar a história de diferentes pontos de vista:

à foco narrativo de 3ª pessoa: o narrador observa os fatos de fora e os registra. Nesse caso, emprega verbos e pronomes de 3ª pessoa. Quando o narrador mostra até os pensamentos das personagens, é chamado de onisciente.

à foco narrativo de 1ª pessoa: o narrador participa da ação como personagem, vivenciando os fatos; os verbos e os pronomes empregados são de 1ª pessoa. O narrador se funde coma personagem, que pode ou não ser a principal.

Dissertação

1.conceituação

Dissertação é uma forma de redação em que se apresentam considerações a respeito de um tema para expor, explanar ou interpretar idéias. O tema dissertativo implica mais que outro qualquer, o exercício da razão, do raciocínio – operação mental que parte do conhecido para o desconhecido – da interferência dos dados da Lógica. Caracteriza-se pela reflexão, por vocabulário próprio, como verbos relacionais, nocionais, definitórios, proposições enunciativas e proposições judicativas.

A dissertação exige maior preparo intelectual, comércio mais íntimo com os princípios da Lógica, maior trato com a argumentação, organismo lógico formado pelo antecedente (causa) e pelo conseqüente (parte causada).

2.Espécie

Expositivaà Consiste na apresentação de discussão de uma idéia, de um assunto ou de uma doutrina, de forma ordenada. O processo é apenas demonstrativo, sem o objetivo de engajamento ou convencimento do destinatário. A linguagem é reflexiva, predominantemente denotativa, embora não necessariamente argumentativa.

Argumentativaà caracteriza-se por implicar o debate, a discussão de uma idéia, assunto ou doutrina, com o objetivo de influenciar, persuadir, conquistar a adesão do destinatário. Trata-se, pois, de uma exposição acompanhada de argumentos, provas e técnicas de convencimento.

3.Estrutura

A dissertação estrutura-se em três partes e, a rigor, não há trabalho intelectual que fuja a tal urdidura.

a)Introdução (apresentação, prólogo)

Apresenta a idéia-base, objeto das considerações do autor para situar o leitor dentro do assunto a ser desenvolvido. É, pois, o ponto inicial, em que se propõe a pauta do trabalho. Na filosofia escolástica era o status quaestionis, a propositura do assunto, da questão.

b)Desenvolvimento (análise, explanação)

Parte em que se trata do assunto de forma completa com a apresentação dos fatos, idéias, argumentos exigidos. É a fase de reflexão, da fundamentação básica do trabalho. As provas aduzidas terão valor comprobatório ou confirmatório; nesse caso, apóia-se em testemunhos, exemplos, autoridades, estatísticas etc.

c)Conclusão (fecho)

É o ponto de chegada, o conjunto, a síntese que encerra o trabalho, com a reafirmação da idéia central. É a colocação final, que deve estar apoiada no que foi exposto anteriormente.

4.Características

Para dissertar, além de vocabulário adequado, linguagem simples, mas exata e objetiva, requisitos exigidos também nas outras formas de redação, deve-se ter o maior cuidado com a ordem e clareza na exposição das idéias.

Para se lograr o encadeamento lógico da argumentação, é mister elaborar um plano equilibrado, coeso, isento e incompatibilidades e discordâncias, além de evitar os erros contra a Lógica, como:

  • Ignorância do assunto – abordagem dom assunto sem conhecimento de causa; pode-se dizer o mesmo da fuga ao assunto ou de sua abordagem tangencial. Toca-se em pontos não pertinentes ao proposto.
  • Falsa analogia – consiste no equívoco de semelhança; toma-se um objeto por outro em virtude de alguma semelhança acidental. O fato de Marte e Terra serem planetas não nos pode levar à conclusão de que Marte é habitável.
  • Contradição – é o estabelecimento de termos ou proposições incompatíveis; não pode haver algo verdadeiro e falso ao mesmo tempo. Entre claro e escuro, entre racional e irracional, não há meio termo.
  • Falsa causa – é a falta de coordenação entre causa e feito, que provoca conclusões equivocadas. Afirmar que as desilusões provocam amadurecimento de espírito é incidir na falha de falsa causa; o mesmo ocorre ao se dizer que uma cachorra, por sentir dor, é um ser humano.
  • Generalização – consiste na ampliação de um dado que não é absoluto; tira-se uma conclusão geral de uma premissa particular. Não se pode concluir que todos os juízes são venais por haver alguns venais.
  • Petição de princípio – é o erro pelo qual se toma como provado justamente o que se deve provar; o raciocínio torna-se redundante e circular. Incorreu em petição de principio quem disse que “a finalidade da apuração é apurar tudo aquilo que deve ser apurado”.
  • Equívoco – dá-se o equívoco ao se tomar uma mesma palavra em vários sentidos. Não posso afirmar que a constelação Cão ladra, porque o cão ladra.

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