Psicologia na Educação Infantil


Desenvolvimento Infantil

Educar uma criança evitando perturbações em seu comportamento exige do adulto, além de amor e dedicação, o conhecimento das características infantis em cada fase do desenvolvimento: seus interesses, necessidades, motivações e possibilidades.
Para ensinar uma atividade a uma criança, precisa-se saber como a criança é se está madura para aquela atividade, como poderá ser motivada, qual o melhor meio para ensiná-la e tornar duradoura a aprendizagem.

Em cada idade, a criança vai apresentando características diferentes, novas maneiras de ser, tanto fisicamente quanto em seus aspectos intelectuais, emocionais e sociais. O que a agradava antes, agora, que já está “grande”, não mais a atrai. Seu modo de pensar, seus julgamentos morais, seu relacionamento como os familiares e com os amigos também sofrem evolução. E os problemas que aparecem em seu comportamento não podem ser ignorados pelos adultos, mas precisam ser estudados e compreendidos para serem resolvidos.
Foram precisos séculos para que a humanidade chegasse à conclusão de que a criança é um ser em desenvolvimento e em muitos aspectos diferente do adulto. Essa descoberta revolucionou a pedagogia infantil, os pensadores passaram a ver a criança como fonte rica de informação.

Aprendizagem e Maturação

O termo aprendizagem refere-se, geralmente, a mudanças no comportamento resultante de experiência. Entende-se por maturação o desenvolvimento do organismo como função do tempo ou da idade, refere-se a transformações neurofisiológicas e bioquímicas que têm lugar desde a concepção até a morte.
A aprendizagem e a maturação não são distinguidas com facilidade porque os padrões de comportamento são resultantes da inter-relação entre maturação e aprendizagem. Entretanto, o crescimento pré-natal e as mudanças nas proporções do corpo e na estrutura do sistema nervoso são produtos de processos de maturação, mais do que de experiências. De outro lado, o desenvolvimento de habilidades motoras e de funções cognitivas depende tanto da maturação quanto da experiência e da interação de ambas.
A aquisição da linguagem e o desenvolvimento de habilidades cognitivas são também resultados de interação entre forças de experiência e forças de maturação. Independentemente de qualquer treinamento recebido, os bebês não começam a falar ou a juntar palavras antes de atingirem certo nível de maturidade. Mas evidentemente a língua que a criança adquire depende de suas experiências – a língua que ouve, falada pelos outros – e sua facilidade verbal será função, pelo menos em parte, da estimulação e dos prêmios que recebe pela expressão verbal.
A criança não adquirirá certas habilidades cognitivas ou intelectuais a não ser depois de atingir certo estádio de maturidade.
No final do século XX, a velha controvérsia hereditariedade versus ambiente é considerada sem significação. Não se pode ser extremista a ponto de voltar aos pensadores do século XII, como John Locke, e afirmar que a mente de uma pessoa ao nascer é uma tabula rasa, isto é, seus pensamentos, desejos, comportamentos, etc. são resultantes da educação bem como não se pode achar que todos os traços psicológicos são transmitidos, de geração a geração, através dos genes. O comportamento não é resultado de uma causa única, mas de múltiplas causas. É o resultado da hereditariedade interagindo com o ambiente, interagindo com o tempo e como o individuo enxerga sua realidade.

Estimulação Ambiental

Observações recentes mostram que à medida que a criança recebe mais e mais estimulação do ambientes seu cérebro também se organiza lentamente, ou seja, os neurônios começam a trabalhar em grupo, formando unidades, possibilitando formas de aprendizagem mais complexas.
Além de mudanças estruturais, de mudanças no tamanho das células e no diâmetro dos vasos sangüíneos que irrigam o córtex, a estimulação ambiental causa também mudanças químicas no cérebro, que influem na habilidade para aprender e para resolver problemas.
Além do sistema nervoso, os aparelhos sensoriais também necessitam de estimulação ambiental para se desenvolverem apropriadamente. Por exemplo: no aparelho visual, os neurônios da retina serão danificados se não receberem estimulação, como se verificou com animais criados em locais completamente escuros.
Os estímulos precoces ou experiências iniciais determinarão o desenvolvimento intelectual. O nível de inteligência de um adulto não é determinado apenas pela hereditariedade, mas depende, em grande parte, de experiências iniciais que são recebidas do ambiente.
Muitas crianças recebem o que se pode considerar quantidades “normais” de estimulação ou oportunidade. Essas crianças crescem em ambientes claros, onde há objetos para ver e manipular, pessoas que falam com elas, que as carregam ao colo e algumas vezes as levam a lugares novos. Elas têm oportunidade de receber estimulação visual, tátil, auditiva e outras, em quantidades “normais”.
Em outros casos, crianças criadas em condições de enriquecimento do ambiente têm oportunidade e estimulação acima de níveis “normais”. Em geral, observam-se resultados benéficos no desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas ou sociais. A estimulação excessiva também pode tornar a criança um adulto desorganizado porque, na tentativa de estimular as crianças, os adultos montam uma agenda repleta de compromissos e quando, no futuro, couber à criança tomar as decisões sobre o que fazer, ela ficará sem saber por onde começar.
No caso oposto, em que as crianças são criadas em condições de privação, seu ambiente oferece um nível de estimulação ou oportunidade muito reduzido e as conseqüências serão um desenvolvimento e um nível de realização muito abaixo do “normal”. Assim, crianças criadas em ambientes monótonos, sempre sozinhas em seu berço, com pouca oportunidade de ver e ouvir pessoas falando com elas e levando-as a novos lugares, sem brinquedos para manipular e com outras limitações de estimulação, terão seu desenvolvimento muito prejudicado.
Jean Piaget afirma que, desde os primeiros dias de vida, é necessário que o bebê receba estimulação visual, auditiva e tátil e que ele tenha uma variedade de objetos para manipular, de possibilidades para se movimentar. É vendo, ouvindo, manipulando objetos, levando-os a boca, que a criança vai lentamente firmando suas noções de objeto, espaço, causalidade e tempo.
Em vez da preocupação excessiva com a estimulação, o importante é que os adultos estejam acessíveis para que a criança possa recorrer a eles nos momentos em que precisa de apoio ou simplesmente para dividir suas descobertas sobre o universo. Isso é o que poderá ajudar a criança a tornar-se a pessoa que ela quer ser – não a que os pais e educadores querem que ela seja.

Desenvolvimento Motor

Do ponto de vista motor, quase tudo o que o adulto necessita para viver será adquirido durante o primeiro ano de vida. Entre 1 e 3 meses ele começa a sorrir e imita alguns movimentos e expressões faciais dos adultos. Entre 4 e 7 meses, consegue sentar. De pé, se apoiados, sustenta o peso do corpo com as pernas e consegue transferir objetos de uma mão para a outra. Até 1 ano, fica de pé e pode dar alguns passos sem apoio. A partir daí só aprimora o que já sabe.
O ritmo do desenvolvimento motor varia de criança para criança. É importante não confundir velocidade com inteligência. Sentar, andar ou correr cedo não é sinal de inteligência acima da média. A velocidade e a forma de crescimento representam simplesmente a soma de uma herança genética com a influência do ambiente.

Influência dos Fatores Sociais

A personalidade resulta de fatores fisiológicos e sociais. A hereditariedade lança os fundamentos físicos. O ambiente – incluindo lar, família, amigos, escola, vizinhança, comunidade e nação – também afetam profundamente as crianças.

A Família

Os pais e as condições do lar moldam a criança, em seus primeiros anos de vida.

A superproteção e a rejeição

A superproteção manifesta-se pela aceitação da criança acompanhada de intensas demonstrações de amor e cuidado exagerado para com ela. São distinguidos dois tipos de superproteção: a indulgente e a dominante.
A superproteção indulgente seria a aprovação de todos os atos da criança. Tudo o que ela faz, mesmo as ações reprovadas pelo professor ou por outros adultos, é desculpado e mesmo admirado pelos pais, que aceitam e acham graça em tudo. A criança percebe, assim, que pode fazer o que quiser, pois está protegida.
A superproteção dominante consiste em dar assistência constante à criança, em todos os seus atos, ajudando-a em tudo, não deixando que faça nada sozinha. Mesmo quando é maior, não lhe é permitido tomar qualquer iniciativa, os pais tomam todas as decisões, escolhem suas atividades, seus companheiros, suas roupas. Os pais querem que o comportamento de seu filho seja perfeito e, com isso, exercem controle excessivo sobre ele.
Tiranos e despreparados. Esse é o perfil dos filhos da superproteção. Como têm tudo que o que querem, os pequenos não conhecem limites e tendem a se achar os donos do mundo. A tendência é ter dificuldade de relacionamento.
A rejeição pode manifestar-se em diferentes intensidades: falta de atenção para com a criança, negligência no trato, escorraçamento físico ou moral.
Tanto a rejeição quanto a superproteção da criança pelos pais causa problemas.
A punição excessiva quase sempre leva à revolta e possivelmente à delinqüência, podendo também conduzir à submissão e ao retraimento acentuado por devaneio e outros meios de fuga.
Afetividade, apoio e cuidados dos pais são antecedentes decisivos para a maturidade, a independência, a competência, a autoconfiança e a responsabilidade das crianças. No entanto, o amor e o apoio não são suficientes para assegurar o desenvolvimento de tais características. Impõem-se outros requisitos, tais como: comunicação adequada entre pais e filhos, uso de razão e não de castigo para conseguir obediência, respeito dos pais pela autonomia da criança, estímulo à independência, individualidade e responsabilidade, controle relativamente firme e elevada exigências para comportamentos maduros.

A Escola

O crescimento intelectual, emocional e social da criança é influenciado pela escola e pelos professores.
Os professores têm a difícil tarefa de enfrentar os problemas de personalidade e de conduta dos alunos, tarefa para a qual, infelizmente, a maioria dos adultos não está preparada.
Luton Ackerson, um especialista em desajustamentos infantis, chama de problemas de conduta aqueles que prejudicam o grupo social, como a agressividade, o furto, as ofensas sexuais, etc. As crianças que apresentam problemas desse tipo, se não forem convenientemente tratadas, poderão tornar-se adultos delinqüentes. Ele chama de problemas de personalidade aqueles que, embora possam não perturbar os outros, prejudicam muito a própria pessoa, como a ansiedade, o ciúme, os sentimentos de inferioridade, a timidez, o isolamento e o devaneio excessivos. As crianças que apresentam problemas de personalidade, se não forem tratadas, poderão tornar-se doentes mentais, alienadas, isto é, alheias à realidade e entregues ao mundo da fantasia.
Geralmente, os professores consideram como problemas mais graves os de conduta, ao passo que não dão atenção aos de personalidade. Diversos psicólogos clínicos, porém, acreditam que o isolamento e a fuga da realidade são os mais sérios sintomas de desajustamento.
A escola deve orientar-se no sentido de cultivar no aluno a segurança interna, as expressões de afeto, iniciativas, interesses, senso de responsabilidade e de cooperação. O professor deve ter consciência de que assume papel importante na vida emocional do aluno.

Comportamento social das crianças da escola maternal

Durante o período da escola maternal, os contatos da criança com os colegas se tornam mais freqüentes e intensos.
Num estudo muito conhecido de Parten e Newhall, as interações observadas entre crianças de 2 a 5 anos foram classificadas segundo uma hierarquia de seis respostas sociais, cada vez mais maduras e cooperativas:
  • Comportamento sem objetivo: as crianças ficam sozinhas, completamente desligadas do brinquedo das outras;
  • Brinquedo solitário: brincam sozinhas;
  • Observação do brinquedo de outras crianças, do qual não participam:
  • Brinquedo paralelo: brincam acompanhando as outras, mas não brincam em conjunto;
  • Brinquedo associativo: participam de tarefas conjuntas, dividem materiais, são incentivadas pelo brinquedo das outras;
  • Brinquedo cooperativo: brincam organizadamente, cada criança participa do brinquedo conjunto e contribui para ele.
Ao atingir a idade de 4 a 5 anos, a criança passa mais tempo em brinquedo cooperativo ou associativo e, muito raramente, em brinquedo paralelo, que é a forma de interação característica de criança de 2 anos de idade.
As capacidades físicas e cognitivas em crescimento possibilitam a participação da criança em atividades mais complexas e cooperativas. Além disso, na escola maternal, os adultos estão sempre reforçando as respostas amistosas e cooperativas apresentadas pelas crianças, ao mesmo tempo em que desestimulam a inatividade e a simples observação das brincadeiras alheias, a ponto de estas respostas se enfraquecerem e irem tendendo a desaparecer.
Ao atingir esse degrau mais alto da interação social, a criança está madura para ter participação efetiva na escola ou no grupo de brinquedo.
Com o desenvolvimento das crianças, aumenta sua necessidade de brincar em grupo.
A experiência de escola maternal ajuda a criança em suas habilidades de estabelecer relacionamento interpessoal, dando-lhe um meio ambiente de suporte para uma posterior autocompreensão, assim como para a compreensão e aceitação do outro. Além disso, as pessoas de uma escola maternal ajudam a criança a aprender formas alternativas para expressar suas emoções negativas, principalmente fortificando seus sentimentos de competência e também expandindo seu campo de interesses.

Autoconceito

Autoconceito é a avaliação que o indivíduo faz de si mesmo segundo atitudes que ele formou através de suas experiências. Todas as atitudes são importantes na determinação do comportamento, mas as que a pessoa formou com relação a si mesma são as mais poderosas. 
O autoconceito se desenvolve a partir das experiências pessoais da criança e da reação dos outros ao seu comportamento inicial. A maneira como os outros reagem ao seu comportamento, aprovando-o ou desaprovando-o, determina o autoconceito que a criança desenvolverá.
É evidente a necessidade de fazer com que a criança desenvolva um autoconceito positivo. Este depende, em grande parte, da maneira como os adultos – pais, professores e outros em posição de autoridade sobre ela – reagem ao comportamento infantil.
Os educadores precisam acentuar os aspectos positivos da criança, ressaltar o fato de que confiam em seu êxito. Os adultos podem obter mais da criança conduzindo-a por meio de elogios, em vez de destruí-la. Mesmo ao disciplinar, o educador deve ser cuidadoso em não diminuir a auto-estima, a autovalorização da criança. Devem ser evitados comentários avaliatórios, de julgamento. São mais úteis os comentários apreciativos, que descrevem de maneira real os fatos ou sentimentos, pois levam a criança a conclusões positivas e mais produtivas sobre si mesma.
Isso não significa que o adulto não possa mais criticar uma criança, mas ao fazer críticas ou elogios, devem referir-se aos atos específicos que a criança realizou e não à sua personalidade ou ao seu caráter. As crianças precisam do elogio positivo e não do elogio negativo. A regra básica do elogio é: descreva sem avaliar; registre, não julgue; deixe a avaliação da criança a ela mesma.

O normal e o patológico

O professor precisa conhecer as manifestações próprias do pensamento infantil para as várias faixas etárias, para não cometer erros como por exemplo:
- considerar o egocentrismo de um pré – escolar como problema.

Comportamentos “normais” das crianças:

Egocentrismo
  • É uma centração da criança sobre si mesma
  • É registrado no início da vida, quando a criança é auxiliada em tudo
  • É inconsciente dos 2 aos 4 anos
  • Torna-se visível dos 4 aos 7 anos
Como se manifesta
  • A criança quer todos os brinquedos para si
  • Quer ser o primeiro em tudo
  • Ela é o centro de seu mundo
Quando é superado:
  • À medida que a criança toma consciência da realidade e começa a pensar no outro
  • A partir dos 7 anos, quando se torna capaz de iniciar a descentralização de seu mundo
  • Se for bem orientada, aos 11 anos a criança supera seu egocentrismo.


Indiferenciação
  • É a ausência de percepção para o valor de si próprio, dos outros e das coisas
  • Apresenta-se de forma primitiva e radical dos 2 aos 4 anos
  • Revela-se fortemente na fase de 4 a 5 anos
  • Ameniza entre os 6 e 7 anos.
Como se manifesta:
  • A criança não percebe como pode agir sobre as coisas
  • Ela não tem idéia exata de como as coisas agem sobre as outras
  • A criança não consegue diferenciar as coisas de seu significado.
Quando é superada:
  • Somente a partir dos 7 anos a criança torna-se capaz de iniciar o processo de libertação de seu indiferentismo
  • Se for bem orientada, ela supera essa característica à medida que descobre a realidade
Animismo
  • É a atribuição de vida e consciência a todas as coisas que rodeiam a criança
  • Ocorre sobretudo pela não distinção entre o eu e o mundo exterior.
Como se manifesta
  • A criança supõe que seus brinquedos são vivos, que os animais entendem a sua fala, que as plantas choram, etc...
Quando é superada:
  • Por volta dos 7 anos quando vai descobrindo a realidade


Finalismo
  • Em crianças dos 4 aos 7 anos, é o interesse no para que sirvam as pessoas e as coisas em detrimentos de como elas são ou funcionam.
Como se manifesta:
  • A criança age com a finalidade de agradar ou desagradar, obedecer ou desobedecer seus companheiros ou rivais
  • Ela brinca, constrói, observa os adultos realizarem operações técnicas, mas não capta o mecanismo utilizado.
Quando é superado
  • Tende a desaparecer a partir dos 7 anos, quando a criança começa a compreender como as coisas funcionam.

Imitação
  • É a forma natural com que a criança constrói seu pensamento e origina suas ações.
  • A linguagem da imitação por meio de gestos é dominante até os 7 anos.
Como se manifesta:
  • A criança gosta de imitar o que não entende
  • Sua ação sempre tem origem da ação do adulto
  • Por meio da imitação, a criança revela seu meio familiar, os colegas e os adultos que a cercam.
Quando é superada
  • A partir dos 7 anos, fase em que o pensamento da criança evolui e sua capacidade de imitação começa a se tornar consciente.
Como podemos verificar, a criança bem orientada consegue superar essas fases.
É importante, antes de o professor avaliar qualquer dificuldade de aprendizagem, identificar essas manifestações.
A linguagem e a fala

Para aprender a falar, o ser humano precisa ter os órgãos sensoriais, motores e de articulação perfeitos, além da maturação do SNC.
Quando a fala é comprometida acabará provocando uma dificuldade na aprendizagem e nas inter-relações da criança, pois a linguagem é um importante meio de comunicação.
Os fatores ambientais e os biológicos influenciam, e muito, no desenvolvimento da fala.
O processo de desenvolvimento da fala:


Desenvolvimento Da Linguagem Infantil – Expressão verbal
Idade
Características
0-2 meses
  • A primeira manifestação é o grito de nascimento (entrada de ar nos pulmões).
  • Nos primeiros dias a criança emite pequenos ruídos, nos quais predomina a vogal A.
  • Usa o grito e o choro para exprimir suas necessidades básicas.
2-3 meses
Conhece e utiliza os sons que o ser humano emite (os que forem reforçados farão parte da linguagem que a criança irá usar).
4-5 meses
  • Emite sons labiais, repetindo os movimentos de sucção.
Balbucia, isto é, emite algumas sílabas repetidas (ba-ba, pA-pa, gu-gu).
5-10 meses
PERÍODO PRÉ-LINGÜÍSTICO
  • Vocaliza e escuta suas vocalizações; os sons que emite ainda são incompreensíveis.
  • Compreende algumas palavras e ordens simples.
10-12 meses
PERÍODO LINGÜÍSTICO
  • Diz uma ou mais palavras.
  • Usa a palavra-chave, isto é, “mamã” pode significar “Venha aqui, mamãe!”
12-15 meses
FASE DA DOMINAÇÃO
  • Usa uma linguagem incompreensível para as pessoas com as quais não convive diariamente.
  • Domina suas necessidades, seus desejos mais imediatos e os objetos familiares.
  • Repete palavras.
  • Usa frases sem verbos (“Mamãe, bola”).
  • Vocaliza bastante e é bem progressiva.
  • Apresenta reação normal auditiva: reconhece o próprio nome e algumas palavras familiares; já é capaz de seguir instruções, como mostrar algumas partes do corpo.
15-16 meses
PERÍODO DA REPRESENTAÇÃO
  • É capaz de representar mentalmente os objetos ausentes.
  • Começa a usar o verbo (“papá aiu” = “papai saiu”).
  • Entoa cantigas.
16-21 meses
  • Interpreta situações concretas.
  • Utiliza eu, meu, minha. (A criança se localiza no mundo.)
  • Começa a fazer perguntas.
  • Já possui cerca de vinte palavras em seu vocabulário e usa combinações do tipo quero leite, quero embora, nenê vai.
  • Gosta de ouvir histórias, porque já as compreende.
  • Obedece a ordens simples (quando solicitada, aponta para gravuras e objetos).
2-4 anos
LINGUAGEM ESTRUTURADA
  • Seu repertório já contém 50% de sentenças inteligíveis.
  • Apresenta uma linguagem compreensível.
  • É capaz de obedecer a ordens tríplices, no final do terceiro ano.
  • Usa consoantes, algumas frases compostas, nomes, pronomes e advérbios.
  • Consegue definir alguns conceitos e tirar conclusões lógicas.
  • Tem conversa complicada para se explicar.
  • Escuta, observa e armazena.
A partir dos 5 anos
  • Fala muito, monologa, inventa histórias.
  • É capaz de dialogar.
  • Revela rica imaginação.
  • Reconhece muitas palavras e reproduz histórias curtas, mas a influência da fantasia é muito forte.
  • Insiste em reproduzir fielmente as histórias contadas pelos adultos.
  • Sua linguagem quase alcança o nível coloquial dos adultos.
  • Começa a dominar algumas regras como plurais e futuro dos verbos.

Aparelho fonador

Os sons da fala são produzidos pelo concurso dos órgãos da fonação, ou seja, pelo aparelho fonador. Fazem parte do aparelho fonador:
  • Os pulmões. Funcionam como dois foles, produzindo a corrente de ar.
  • Os brônquios e a traquéia. São os canais que conduzem a corrente de ar á laringe.
  • A laringe. Situada na parte superior da traquéia, é o mais importante órgão da fonação. Nela se localizam a glote, epiglote (válvula elástica que tapa a glote durante a deglutição) e as cordas vocais.
  • A glote. Pequena abertura de forma triangular situada na laringe, na altura do pomo-de-adão. Á chegada do fluxo de ar vindo dos pulmões, a glote pode abrir-se ou fecha-se, bastante que os bordos das cordas vocais se afastem ou aproximem. Se a glote se abrir, o ar passa livremente, sem fazer vibrar as cordas vocais: nesse caso, o fonema produzido é surdo. Se a glote se fechar, o fluxo de ar força a passagem, fazendo vibrar as cordas vocais, e o fonema produzido é então sonoro.
  • As cordas vocais. São duas pregas musculares, elásticas, distendidas horizontalmente diante da glote. Vibradas, produzem fonemas sonoros.
  • A faringe. Cavidade ligeiramente afunilada, entre a boca e a parte superior do esôfago, conduz o ar para a boca e as fossas nasais.
  • A úvula. Vulgarmente chamada campainha, a úvula é um apêndice flexível do véu palatino. Tem a função de fiscalizar a passagem do ar: levantando-se contra a parede posterior da faringe, intercepta a passagem do ar para as fossas nasais: o ar escoa-se pela boca e o fonema se diz oral; abaixando-se a úvula, permite que a corrente de ar se escape em parte pelas fossas nasais, produzindo-se então um fonema nasal.
  • A boca e órgão anexos. Podemos dizer que os fonemas nascem na laringe e se completam na boca. E isso acontece graças ao concurso das arcadas dentárias, dos alvéolos, do palato duro (ou céu da boca) e do palato mole (ou véu palatino) e, sobretudo, à atividade da língua, dos lábios e das bochechas, os quais se movimentam para modificar a corrente sonora e moldar os fonemas. A cavidade bucal atua também como caixa de ressonância dos fonemas sonoros.
  • As fossas nasais. Cavidades situadas no maxilar superior funcionam como caixa de ressonância dos fonemas nasais.


Distúrbio da fala

- Mudez; Dislalia; Disartria; Linguagem Tatibitate; Rinolalia; Gagueira; Afasia

Mudez ou Mutismo

É a incapacidade de articular palavras, geralmente causada por anomalia no SNC, que acaba atingindo a formulação e a coordenação das idéias e impedindo a sua transmissão em forma de comunicação verbal.
O mutismo pode ser causado também pela surdez, distrofia muscular, dentição mal implantada e lábio leporino.
Alguns fatores emocionais e psicológicos também podem estar presentes, como a esquizofrenia infantil, onde a criança só fala consigo mesma ou as crianças “escolhem” ficar em silêncio, talvez porque os pais são ansiosos e perfeccionistas ou algum trauma.
Existe também a mudez eletiva, onde a criança fala somente em certas situações e com determinadas pessoas, que são selecionadas por ela.
Nesse caso, o professor deve evitar expor o aluno em situações que solicitem a expressão oral.
A melhor opção é que a criança cumpra seus deveres sem que ela tenha se expressar pela fala.
É importante fazer um encaminhamento para o psicólogo e fonoaudiólogo, para ser realizado um diagnóstico.

Dislalia

É a omissão, substituição, distorção ou acréscimo de som na palavra falada.
Pode ser de origem orgânica como má formação na arcada dentária, lábio leporino, freio da língua curta ou acima do normal.
Já a dislalia funcional, não apresenta causa orgânica, ela não sabe mudar a posição da língua e dos lábios.
A dislalia interfere no aprendizado da linguagem escrita.


DISLALIA
Tipos
Características
Exemplos
Omissão


Acréscimo




Distorção





Substituição






Lambdacismo




Rotacismo





Sigmatismo



  • Não pronuncia alguns sons.

  • Introduz mais um som.



  • Deixa a língua entre os dentes ao emitir os fonemas [s] e [z], deformando-os.




  • Troca alguns sons por outros.
  • Omite ou substitui os fonemas [R] e [G] pelas letras d e t.

  • Pronuncia o [ l ] de maneira defeituosa.


  • Substitui o [ r ] pelo [ l ], como faz o Cebolinha, personagem de Maurício de Souza.


  • Usa de forma errada ou tem dificuldade em pronunciar as letras s e z (ás vezes não consegue nem soprar ou assobiar).
Omei oa ola.” (Tomei coca-cola.)

Atelântico” (Atlântico) [s]: sol, assar, peça, cebola, descer, aproximar.

[z]: azedo, asa, exame.






telo a boneta.” (Quero a boneca.)
tadeira” (cadeira)
dato” (gato)


palanta” (planta)
confilito” (conflito)



tleis” (três)






caça” (casa)
acedo” (azedo)

Disartria

É um problema articulatório que se manifesta na forma de dificuldade para realizar alguns ou muitos dos movimentos necessários à emissão verbal, envolvendo distúrbios de ritmo e entonação.
Pode ser uma fala lenta e arrastada.
A causa pode ter origem em lesões no sistema N. C., sendo que essas lesões alteram a estimulação e o controle dos nervos, provocando a má articulação.
E perturbações nos músculos que intervém na produção de sons lingüísticos.
Exemplo: paralisia
Linguagem Tatibitate

É um problema de articulação e de fonação, onde o individuo conserva voluntariamente a linguagem infantil.
Geralmente tem causa emocional e pode acabar resultando em problemas psicológicos.
Na maioria dos casos, são os adultos que reforçam a fala errada, ou porque a criança regride quando ganha um irmão.
É importante a criança nunca ser corrigida diretamente e não fazê-la repetir a fala correta.
Exemplo: “Te tocolate?”
Professor – Obrigada! Quero chocolate!

Rinolalia

Caracteriza-se por uma ressonância nasal maior ou menor que a do padrão correto da fala.
As causas podem ser:
  • Problemas nas vias nasais;
  • Lábio leporisso – lábio fendido como o de uma lebre.
  • Fissura palatina – fenda no palato

Gagueira ou Tartamudez

Tem início mais freqüente entre os 3 e 4 anos, em torno das 7 anos e na puberdade.
Atinge mais o sexo masculino.
É um distúrbio do fluxo e do ritmo normal da fala, que envolve bloqueios, hesitações, prolongamentos e repetições de sons, sílabas, palavras ou frases. Faz-se acompanhar freqüentemente por tensão muscular, rápido pisca de olhos e caretas.
A gagueira pode ser contínua ou apenas surgir em determinadas situações.
O problema do gago é falar e respirar ao mesmo tempo.
Existem diferentes maneiras de classificar a gagueira:
Quanto aos movimentos:
  • Simples – quando não é acompanhada de movimentos.
  • Associada – quando é acompanhada de movimentos.

- Quanto à pronúncia.
  • Repetição da 1ª sílaba
  • Repetição de consoantes
  • Prolongamento da 1ª letra seja consoante ou vogal

Quanto ao aparecimento:
  • Contínua – surgem em todas as ocasiões ou condições.
  • Circunstancial – aparece em determinadas condições ou situações.

- Quanto à emoção:
  • Primária – quando não está ligada à emoção.
  • Secundária – quando há evidência de componentes emocionais.
Não existe uma origem bem definida, mas muitas teorias a respeito:

- Orgânica – razões genéticas, em pessoas canhotas mais mudaram sua preferência original, está associada a nascimento de gêmeos e à prematuridade e maior incidência de distúrbios do SNC.
- Causas funcionais – a perda de um ente querido, um acidente ou quando a pessoa é severamente repreendida, componentes emocionais.
- Teorias psicológicas – distúrbio emocional quer como estresse quer como ansiedade.
Estímulos que diminuem a gagueira.
Como os professores podem estar lidando com a criança gaga:


ESTÍMULOS QUE DIMINUEM A GAGUEIRA
Auditivos
(quedas-d’ água, trem em movimento, música)
  • Impedem que a pessoa escute sua própria voz, reduzindo a ansiedade;
  • Provocam o aumento de intensidade da voz, fazendo com que a pessoa altere sua maneira de falar;
  • distraem” a pessoa de sua gagueira;
  • Fazem com que o gago fale mais devagar.
Rítmicos
  • Ajudam a regularizar a respiração;
  • Absorvem a atenção da pessoa, fazendo com que ela fale sob o efeito da distração (ela só se preocupa em seguir o ritmo);
  • Facilitam a sincronização dos movimentos da fala, permitindo ao gago programar melhor às seqüências articulatórias.
Canto
  • Atenua a vocalização da consoante, foco de maior dificuldade do gago;
  • Tem efeito rítmico;
  • Provoca mudança de tonalidade;
  • Altera a intensidade da voz;
  • Tem efeito relaxante.
Murmúrio
  • Simplifica e coordena a respiração e a articulação, o que facilita a fluência, pois o problema do gago é falar e respirar ao mesmo tempo.
Mudança de tonalidade




Baixar a intensidade
  • Pode fazer com que a pessoa se esqueça da gagueira porque fica absorvida em manter seu novo tom de voz.

  • Facilita a fluência e a pessoa pode aprender a falar em tons sussurrantes.


Como lidar com uma criança gaga

Os métodos de tratamento da gagueira variam desde os exercícios respiratórios até a psicoterapia e a hipnose. No entanto, o objeto de todos é comum: fazer com que a pessoa fale de modo aceitável, em qualquer situação em que o ato de se comunicar seja necessário.
Para a criança gaga, o papel dos pais é muito importante, mesmo depois que entra na escola, pois nesse período ela ainda está fortemente identificada com o lar. Sua ambientação escolar, porém, dependerá muito da atitude do professor, que servirá de modelo para as reações de outras crianças às manifestações do distúrbio, tanto na sala como no recreio.
Na classe, há várias formas de lidar com um aluno gago:
  • Aceite-o. Ele costuma ser rejeitado e, na realidade, precisa de ajuda para adquirir confiança em si.
  • Adote sempre uma atitude objetiva em relação à sua gagueira.
  • Elimine dificuldades, interrupções e impaciência o mais que puder e encoraje as outras crianças a agirem da mesma forma.
  • Faça com que o ambiente seja calmo, sereno. Evita tensões, eliminando falas rápidas, ordens em voz alta e disciplina militar.
  • Promova a autoconfiança do aluno, dando ênfase ás suas habilidades.
  • Encoraje-o participar de discussões em classe e jogos que não envolvam situações emocionais.
  • Dê à criança uma chance para lidar, em atividades recreativas.
  • Tente dar-lhe deveres em classe que não exijam linguagem oral.
  • Encoraje o gago a falar, mas não o force.
  • Não o ajude quando estivar falando. Não “fale por ele” mesmo se souber o que vai dizer.
  • Dê a ele oportunidade de falar em situações nas quais provavelmente terá sucesso (dramatizações ou leituras em coro).
  • Questione-o quando tiver certeza de que ele sabe a resposta, para diminuir seu medo de falar.
  • Chame o mínimo de atenção possível para a gagueira de uma criança que ainda não desenvolveu sintomas secundários.
  • Discuta francamente a gagueira do aluno que se sente embaraçado com o distúrbio porque já tem consciência dele (ajude-o a desenvolver uma atitude objetiva).


Afasia

Os sintomas envolvem diferentes setores:
- emocional
- sistema visomotor
- linguagem – falada, escrita, auditiva e visual.
Basicamente, o distúrbio se manifesta como uma incapacidade para relacionar o que é percebido com seu significado de expressar seu pensamento.
Não apresenta nada de errado com os órgãos sensoriais, desenvolvimento motor ou com os mecanismos da fala.
Sua causa mais provável é uma disfunção no SNC, pois, a afasia se caracteriza principalmente na falha da compreensão e expressão verbal.
A criança não compreende o que escuta e não fala o que pensa.


TIPOS DE AFASIA
Denominação
Características
Sensorial ou receptiva
Articulação Lenta
A pessoa ouve e vê, mas não compreende a linguagem falada ou a linguagem escrita.
Motora ou expressiva
Cermelho por vermelho
Chapéu por tampa
Lua por sua
Os significados não são percebidos pelo indivíduos


É incapaz de falar ou escrever adequadamente, mas o aparelho fonador não está paralisado.
Conceitual
Não consegue “encontrar” as palavras nem formular conceitos.
Global ou mista
Apresenta todas as formas de linguagem afetadas.
Não-fluente
Tem dificuldade para iniciar a fala e para produzir as seqüências articulatórias e gramaticais.
Fluente
Articula e produz seqüências grandes de palavras em construções gramáticas variadas, mas tem dificuldade para encontrar os vocábulos.

A afasia pode ser observada na criança que:
- ouve a palavra mas não a interioriza com significado.
- apresenta gestos deficientes e inadequados
- demorou em compreender o que é dito
- confunde a palavra ou frase com outros parecidos (similares)
ex: comer ao invés de colher; garfo em de vez de colher
Os casos mais graves a criança é incapaz de compreender o que ouve.
Seu QI é normal.

A atuação do professor frente aos problemas da fala:

1° passo – encaminhar para um especialista, fonoaudiólogo.

Mais o professor a criança:
- o professor deve observar
  • O tipo de emissão dos fonemas
  • O grau de expressão do aluno
  • O nível do vocabulário
  • Ritmo da fala
  • Desenvolvimento motor
  • Capacidade de atenção
  • Maneira como a criança se relaciona sociamente.

- Contato com os pais
  • Se a disciplina é rígida não permitindo a livre expressão da criança - mutismo ou gagueira
  • Se existem outras pessoas na família com problemas nas fala ás vezes ela não tem um transtorno, ela reproduz o que ouve em casa.
- Não esquecer que a criança precisa de amor, compreensão e aceitação.
- evitar que a criança se sinta inferior
- não exigir que a criança fale melhor do que pode
- avaliar o aluno pelos mesmos critérios da turma. Nem menos nem mais.
- longe dos outros estimulá-lo a enfrentar sua dificuldade.

Exercícios para os lábios

  • Tocar e massagear os lábios através de movimentos retos e circulares, utilizando a ponta dos dedos e materiais como cotonetes, esponjas, pena, batom, colher etc.
  • Tocar os lábios, com material quente, frio, áspero liso.
  • Estalar os lábios, imitando diferentes animais.
  • Vibrar os lábios, imitando motor de carro.
  • Soltar beijinhos, fazendo “bico”.
  • Sorrir com exagero, de lábio fechados.
  • Falar exageradamente u – i com a boca meio aberta.
  • Falar exageradamente a – o.
  • Segurar um lápis com o lábio superior (fazer bigode).
  • Colocar um botão preso a um fio de náilon na frente dos dentes (que deverão permanecer fechados durante o exercício) e pedir à criança que aperte os lábios para prender o botão, enquanto a mão puxa o fio.
  • Morder de leve o lábio de cima e o de baixo, alternadamente.
  • Movimentar os lábios para o lado direito e o esquerdo.
  • Apertar os lábios entre os dentes e soltá-los.
  • Abrir e fechar, rapidamente, os lábios com os dentes cerrados.

Exercícios para a mandíbula

  • Abrir e fechar a boca bem devagar.
  • Abrir e fechar a boca rapidamente.
  • Bocejar amplamente.
  • Mastigar com os lábios fechados.
  • Falar ma abrindo bem a boca.

Exercícios de palato

  • Fazer gargarejos.
  • Tossir várias vezes.
  • Falar ding-dong várias vezes.
  • Falar an/a, en/e, in/i, on/o, un/u
  • Falar r, r, r, g, g, g.

Exercícios para língua

  • Colocar a ponta da língua no lábio de cima e no de baixo, alternadamente.
  • Colocar a ponta da língua no canto direito e no canto esquerdo da boca.
  • Colocar a ponta da língua em cima, embaixo, num canto e no outro da boca, fazendo uma cruz.
  • Limpar” o lábio superior de um lado a outro, bem devagar.
  • Limpar” o lábio inferior de um lado a outro, lentamente.
  • Girar a língua dentro da boca devagar e depois mais rápido.
  • Girar a língua passando-a nos lábios, imitando roda-gigante. Em seguida, fazer “roda-gigante” no outro sentido.
  • Lamber” sorvete, pirulito ou doce, colocando a língua fora da boca.
  • Imitar gatinho bebendo leite.
  • Abrir bem a boca. Lentamente, levar a língua para fora e guardá-la.
  • O mesmo exercício anterior, mas guardar a língua rapidamente.
  • O mesmo exercício, só que a língua deve sair rapidamente e entrar devagar.
  • Deixar a língua dura e depois mole.
  • Deixar a língua fina e em seguida alargá-la.
  • Colocar a ponta da língua na bochecha direita e na esquerda, alternadamente, mantendo os lábios fechados.
  • Limpar” o céu da boca com a ponta da língua.
  • Colocar a ponta da língua atrás dos dentes de cima e de baixo, com a boca bem aberta.
  • Estalar a língua, imitando um cavalinho.
  • Morder levemente a ponta da língua.
  • Vibrar a língua entre os lábios.
  • Imitar o barulho do telefone (trrrim).

Brincando com sons e palavras

- ajudar nas dificuldades “normais”
-podem ser úteis para detectar falhas patológicas:
Há várias brincadeiras com sons e palavras que levam as crianças a trabalharem a articulação e o ritmo de forma agradável e informal.
Na pré-escola e séries iniciais do Primeiro Grau, onde os problemas de fala podem ser passageiros, essas atividades ajudarão as crianças a superarem suas dificuldades normais. Elas são úteis, também, para o professor detectar falhas patológicas.
Parlendas: são rimas infantis com ritmo próprio. Podem ser cantadas ou acompanhadas por gestos. Vejamos alguns exemplos:


Rei, capitão,
Soldado, ladrão,
Moço bonito
Do meu coração.

Bão-ba-la-lão
Senhor capitão
Espada na cinta
Ginete na mão.

Dedo mindinho
Seu vizinho
Pai-de-todos
Fura-bolo
Mata-piolho

Uni, dune, tê
Salame, míngüe
Um sorvete colore
O escolhido foi você

Trava-língua fala com palavras de difícil articulação. Exemplo:

  • Um tigre, dois tigres, três tigres.
  • O peito do pé de Pedro é preto.
  • O pato tem pata e papo.
  • O rato roeu a roupa do rei de Roma
  • Não sei se é fato ou se é fita
  • Não sei se é fita ou se é fato
  • O fato é que ela me fita
  • Me fita mesmo de fato.

Poesia e rimas: são valiosos instrumentos para a estimulação do pensamento e da linguagem. Vejamos alguns:

Lá vem o pato
Pata aqui, para acolá.
Lá vem o pato
Para ver o que é que há.

(Vinicius de Moraes, A arca de Noé)

Outras brincadeiras que também auxiliam a expressão rítmica são: escravos de Jó; senhora Dona Sancha; eu fui ao Itororó; tango, tango, morena; balança caixão; esquindô-lelê etc.
Imitação de sons: contribui para desenvolvimento a discriminação auditiva. Exemplos de atividades a serem propostas:
  • Como é o som que faz uma abelhinha voando? Vamos fazer igual? Z Z Z Z Z Z...
Toda vez que ouviram o som da abelhinha, mexam as mãozinhas como se estivessem voando...
  • Vamos imitar:
- o barulho de uma motocicleta: T T T T T T ...
- a fala de um nenê: da – da – da – da
- o som de um sino: din – din – din } (mais fraco, mais forte)
don – don – don } (mais fraco mais forte)
- o som da cigarra cantando: S S S S S S ...
- o som do martelo do papai: pa – pa – pa – pa...
- o caminhão subindo a ladeira com motor falhando: nh – nh – nh ...
- uma bola bem cheia esvaziando: F F F F F...
- um avião voando: V V V V V...
Para a discriminação dos sons das vogais e das consoantes (sons mais complexos) e para desenvolver a percepção auditiva, indicamos exercícios como os elaborados pela Seção de Fonoaudiologia, do Departamento de Saúde Escolar da Prefeitura do Município de São Paulo. Vejamos alguns:
  • Tentar falar as palavras, observando a semelhança entre os sons:
T – D – N – L (língua atrás dos incisivos superiores)

nata – lata

S – Z (ponta da língua atrás dos incisivos inferiores)

selo – zero

Caça – casa

K – G – NH (dorso da língua encostado no palato)

calo – galo

P – B – M (lábios bem cerrados e bochechas infladas; soltar o ar rapidamente, numa explosão; movimentos mais suaves para o M)

Pato – bato – mato

V – F – (dentes incisivos superiores no lábio inferior; soprar)

faca – vaca

CH – J (língua retraída, com os bordos laterais em contato com os dentes posteriores; soprar)

chato – jato – queixo – queijo

R brando (bordos laterais da língua encostados no palato, com vibração da ponta da língua)

caro – careta

RR – R inicial (dorso da língua encostado no céu da boca; vibrar a úvula)

Carro – carreta

  • Falar novamente as palavras, observando a diferença entre os sons:

ca ro – ca rro – Ca re ta – Ca rre ta

  • De olhos fechados, reconhecer os sons de alguns objetos. Exemplos: cadeira sendo arrastada, papel sendo amassado etc.

  • Localizar a direção dos sons, dizendo se eles vêm da direita ou da esquerda.

  • Repetir seqüências de palavras:
Pato – rato – gato – sapato – carrapato

Além dos exemplos citados, outros exercícios podem ser criados pelo professor, dando ênfase à exploração oral dos sons, aspecto hoje relegado a segundo plano.


Evitar

- Ressaltar a dificuldade do aluno, mostrando que ele é diferente.

- Corrigir o aluno com freqüência diante a classe

- Mostrar impaciência perante a fala da criança

- Interrompê-la várias vezes pedindo que recomece

- Ignorar a criança






Leitura, escrita e aritmética

O sucesso da criança na aprendizagem da leitura e da escrita depende do seu amadurecimento fisiológico, emocional, neurológico, intelectual e social.
A fala, leitura e a escrita são manifestações de um mesmo sistema, que é o Sistema Funcional da linguagem.
Ele tem como base:
O desenvolvimento harmônico e a interação de várias funções:
Basicamente, temos 3 sistemas:

auditivo – que é a palavra falada. É o 1° a ser adquirido, porque é mais fácil e também exige menos maturidade psiconeurológica.
1° passo – a criança por meio da observação e experimentação (experiência) dos objetos que a rodeiam, adquiri o significado para a compreensão da palavra falada.
Com os estímulos e experimentando a criança vai adquirindo significado do que ouve para o que está vendo.
Mesmo que o objeto, não esteja presente, irá buscar em sua memória o que é, e a imagem dele surge em sua mente.
Isso caracteriza uma recepção visual e falada.
Ela vê o objeto e escuta seu significado e internaliza.
Exemplo: quando se pergunta para a criança se ela quer mamá, ela já sabe o que é, mesmo não sabendo pronunciar (falar) mamá.

2° passo – é quando a criança passa para uma fase da expressão da palavra falada, que imitando o adulto, emite sons semelhantes às palavras usadas para nomear os objetos.
(fala) – Pede “mamá”, sem estar vendo a mamadeira.
E ao poucos irá adquirir a fala, como no quadro que vimos.
Isso ocorre mais ou menos 5 – 10 meses.
- Visual – que é a palavra lida Leitura.
Envolve:

1° decodificação – a identificação dos símbolos impressos (letras, palavras) e o relacionamento destes com os sons que eles representam.
Relacionar a letra com o som.
A criança tem que diferenciar visualmente cada letra impressa, e perceber que cada uma delas corresponde a um som.
Exemplo: A, E, I, O, U – quando vemos a letra A relacionamos com a forma sonora A.
Se não houver essa associação, a criança não poderá ler, pois as palavras não terão correspondentes sonoros.
Exemplo: a escrita chinesa não conseguimos ler, já que não sabemos o significado e a representação sonora dos símbolos impressos.

2° A compreensão – relacionar a palavra decodificada aos seus respectivos significados (objetos).
Relacionar a palavra com o objeto.

3° Análise Crítica – depois de decodificar, compreender, o leitor deverá reagir às idéias impressas. As reações podem ser:
Reagir às idéias do texto.
  • Emocionais – gostei, não gostei, simpatia por um personagem.
  • Intelectuais – avaliação teórica dos fatores. Se o texto é verídico, não é real, etc.

Essa análise crítica é interna do individuo, e cada um irá fazer a sua.



Palavra impressa → som → significado



Pato Pato 




- Escrita –

Som → Significado → Palavra impressa




Pato  Pato




Vejamos então, no que consiste a cópia, o ditado e a redação de acordo com Nieto (1975).
Ao copiar, iniciamos por fazer uma discriminação visual de todos os detalhes das letras e do formato da palavra que está servindo como modelo. Depois relacionamos os símbolos impressos – as letras e a palavra – aos respectivos sons, aos movimentos articulatórios (mesmo que a criança não pronuncie em voz alta a palavra), aos movimentos gráficos (traçado gráfico a ser executado), aos significados (conceitos) e, só então, reproduzimos graficamente a palavra-modelo. Para melhor compreender este processo gráfico convido o leitor a realizar a cópia das frases abaixo na ordem proposta.

1 – “Rätschlage für den Arzt bei der psychoanalytischen Behandlung.”

2 – ﭲﭿ ﮒ ﭼ ﮃﮮ ﯖ ﮭ ﻉﻯﻛﻥﻒ

3 – “A leitura e a escrita são comportamentos inventados pelo homem”

Na 1ª frase – consigo escrever no máximo de 3 letras por vez, pois, apesar de não saber o significado eu conheço os traçados e os sons.
Mas a dificuldade continua, pois não consigo ler a frase.

conselhos ao médico sobre o Tratamento psicanalítico” (alemão).

Na 2ª frase – desconheço o traçado das letras, os sons, impossibilidade total da leitura, a cópia ocorre letra por letra. Não relacione os símbolos impressos (letras) aos significados, nem aos movimentos gráficos.
Imaginam a criança copiando as 1ª palavras, é a mesma sensação.

Já na 3ª frase – consegui copiar com destreza, pois relacionei os símbolos impressos aos sons, movimentos gráficos e principalmente aos significados.
A criança precisa saber ler para escrever. Não adianta ela ficar copiando não irá haver significado, precisa 1º saber ler.
Para o diagnóstico de uma Dificuldade de Aprendizagem, precisamos saber como é a leitura do individuo, para depois ir para a escrita.
Fazer uma reflexão de como é realizada a alfabetização hoje, se o professor está seguindo essas etapas.
Para que ocorra a alfabetização a criança precisa já ter passado por essas fases.
A alfabetização depende de uma complexa integração dos processos neurológicos e de harmoniosa evolução da Habilidade básicas como:

Percepção – nas séries iniciais todos os aspectos da percepção (sentido) devem ser trabalhados.
  • Visual
  • Auditivo
  • Tátil
  • Olfativo
  • Gustativo

Esquema corporal – é a habilidade do individuo conhecer o próprio corpo, de suas partes, dos movimentos, das posturas e das atitudes.
A estimulação do esquema corporal é muito importante para a alfabetização.
Exemplo: em cima, embaixo, na frente, atrás, esquerda e direita.

Por exemplo:
Drava – brava
b – d; p – q

Com isso o individuo consegue dominar seus impulsos motores e adquirir seu equilíbrio corporal.
A criança que não consegue desenvolver bem seu esquema corporal terá sérios problemas em:
  • Orientação espacial e temporal;
  • Equilíbrio
  • Postura
  • Dificuldade para desempenhar certos movimentos.

Na escola, escrever obedecendo aos limites de uma linha ou de uma folha.

Lateralidade – é definida a partir da preferência neurológica que se tem por um lado do corpo, no que diz respeito à mão, pé, olho e ouvido.
  • Destros – utilizam a parte direita do corpo
  • Canhotos – parte esquerda
  • Ambidestros – os 2 lados
  • Lateralidade cruzada – chuta com a esquerda e escreve com a direita.
  • Late indefinida – criança que ainda não definiu seu lado dominante, que deve ser estabelecida entre 04 e 5 anos. Isto evidencia uma imaturidade neurológica quando a criança não adquiriu a lateralidade até a essa idade.

Nunca devemos obrigar a escrever com a direita.
Dar o lápis e ela pega.
Direita e esquerda

Entre os 5 e 8 anos distingue nela mesma.
Dos 8 a 11 anos pessoas em sua frente
11 e 12 anos dos objetos

Orientação espacial e temporal – é a consciência da relação do corpo com o meio.
Espacial – o individuo irá avaliar os movimentos e adaptá-los no espaço.
Exemplo: não trombar nas coisas.
Temporal – ontem, hoje, amanhã, dias, meses do ano, etc...
Isso permite a criança que se orienta no tempo durante a realização das atividades.

Iniciar o processo de alfabetização sem que a criança possua orientação espacial e temporal podem resultar nos seguintes problemas:

  • Confundir letras:
b por d
q por p
  • Dificuldade dos tempos verbais
  • Dificuldade em respeitar a ordem das letras na palavra e das palavras na frase:
brasa / barsa
  • Incapaz de locomover os olhos no sentido esquerdo – direito:
- pula uma ou mais linhas durante a leitura.
  • Na escrita, não respeita a direção horizontal do traçado.
  • Não respeita os limites da folha
  • Dificuldade em organizar seu material escolar.
  • Esbarrar em objetos e pessoas.

Coordenação visomotora –

  • Coordenação motora global – são todos os nossos movimentos, é a ação de vários grupos musculares.
Exemplo: andar

  • Coordenação motora fina – relacionado com habilidades manuais.
Exemplo: preensão no lápis

Se a criança não teve boa coordenação motora fina gera dificuldade na alfabetização.

  • Coordenação visomotora – olho – mão.

Coordena os movimentos dos olhos com a mão.
As crianças que não conseguem coordenar o movimento ocular com os movimentos da mão terão dificuldade de aprendizagem. Na escrita, porque olhos não guiam os movimentos da mão, a criança não consegue perceber onde deve iniciar o traçado das letras.

Ritmo – é a noção de duração e sucessão aos sons no tempo.
A falta de habilidade rítmica pode causar leitura lenta, silabada, pontuação e entonação inadequados.
Na grafia a criança pode:
  • Escrever 2 ou mais palavras unidas
  • Adicionar ou omitir letras nas palavras.

Análise e síntese visual e auditiva

Quando a criança tem dificuldade com o processo analítico – sintético, apresenta problemas na:
  • Formação das sílabas
  • Seqüência das letras
  • Ou seja, na formação de palavras e de novas palavras
  • Correspondência entre cada som e sua letra

Habilidades visuais

Para a criança ler e escrever, é importante que os olhos funcionem perfeitamente.
O desenvolvimento inadequado da habilidade visual pode:
  • Leitura silabada
  • Lenta
  • Inversões
  • Omissões e adições de letras, sílabas ou palavras
  • Escrita incorreta de letras e palavras ou diferenciar a escrita em letra de forma ou impressa ou cursiva, maiúscula e minúscula.

Exemplo: o – e; a – o; c – e; f – t; h – b; n – u

Fome – feme

Habilidades auditivas

Quando o individual apresenta deficiências na habilidade visual ou auditiva, o sistema NC receberá informações distorcidas, dificultando assim, a resposta do cérebro.
É importante a estimulação auditiva, principalmente em letras onde os sons são parecidos:
  • F – V
  • T – d
  • p – b
  • etc...

- Memória cinestésica

É a capacidade que o individuo precisa para reter os movimentos motores necessários para escrever.
Durante a alfabetização o professor deve indicar ao aluno onde começa o traçado das letras e os movimentos que deve fazer. Aos poucos a criança retém os atos motores e não precisará de orientação
Dificuldade de memória cinestesia a criança:
  • Não lembra do traçado das letras
Exemplo: no ditado
Escrita espontânea
  • Copiará lentamente e fará as letras isoladamente.

- Linguagem oral

Quando a criança é capaz de pronunciar corretamente todos os sons da língua. Mais o menos por volta dos 6 anos.
É a primeira etapa para a alfabetização.

Causas dos Transtornos de aprendizagem da leitura e da escrita

Mais variadas causas:

orgânicas –
  • Deficiências visuais e/ou auditivos
  • Deficiências motoras
  • Deficiência intelectual
  • Disfunção cerebral
  • Outras enfermidades

Psicológicas –
  • Ansiedade
  • Insegurança
  • Autoconceito negativo

Psicológicas –
  • Métodos inadequados de ensino
  • Falta de estimulação
  • Iniciar uma alfabetização precoce
  • Relacionamento professor – aluno ruim
  • Superlotação das classes

sócio – culturais –
  • Falta de estimulo
  • Desnutrição
  • Privação cultural

Distúrbio da Leitura

Como já vimos, a leitura envolve vários aspectos:
1° identificar os símbolos impressos por meio da visão que irão transmitir estes estímulos gráficos para o cérebro.
2° onde o individuo irá diferenciar visualmente as letras e identificar a sua representação sonora.
3° onde ele irá compreender e fazer a análise crítica do que leu.

Características que podem ser encontradas no Distúrbio da Leitura
Não é necessário que a criança apresente todas essas características

Memória – apresenta dificuldade auditiva e visual em reter informações. É resultado de disfunções no SNC, se manifesta, normalmente, só no visual ou só no auditivo.
A criança pode ser incapaz de:
  • Recordar os sons das letras
  • De juntar os sons para formar palavras
  • Memorizar seqüências, não conseguindo lembrar a ordem das letras ou sons dentro das palavras.

- Orientação espaço – temporal –
  • A criança não reconhece direita e esquerda
  • Ficam confusas nas aulas de Educação Física, porque não entendem as regras dos jogos;
  • E quanto ao tempo, não reconhece as horas, os dias da semana, etc...

Esquema corporal – normalmente as crianças com distúrbios de leitura apresentam um conhecimento deficiente de seu esquema corporal.
  • Não identifica as partes do próprio corpo
  • Postura ruim no espaço em que vive

Soletração – dificuldade em soletrar quando as palavras são auditivas.
A limitação na escrita será porque a criança não consegue ler.

Leitura Oral

A leitura oral envolve tanto a audição como a visão, pois, à medida que os olhos visualizam ás palavras impressas, estas são articuladas e o som é captado pelas vias auditivas.

Dificuldades de discriminação auditiva

Está relacionado na dificuldade que o individuo tem em discriminar os sons. Principalmente aqueles que estão acusticamente muito próximos, por terem os pontos de articulação quase iguais, o que faz com que o individuo confunda os fonemas.
Na leitura, as trocas mais comuns são entre:

Consoantes surdas e sonoras.

A diferença que existe entre essas consoantes é a vibração das cordas vocais, já que o ponto de articulação é muito próximo.
As consoantes sonoras as cordas vocais vibram e nas surdas isso não ocorre.

Possíveis trocas entre consoantes Surdas e Sonoras.


CONSOANTES SURDAS CONSOANTES SONORAS

Troca de F (faca) por V (vaca)
Troca de P (pão) por B (bão)
Troca de CH (chato) por J (jato)
Troca de T (troca) por D (doca)
Troca de S (seca) por Z (Zeca)
Troca de C (cola) por G (gola)

Pelos mesmos motivos mencionados acima, as vogais orais e nasais podem não ser discriminadas auditivamente, o que ocasiona troca entre elas.

Possíveis Trocas entre Vogais Nasais e Orais

VOGAIS NASAIS VOGAIS ORAIS

Troca de an (anta) por a (ata)
Troca de en (então) por e (etão)
Troca de in (interior) por i (interior)
Troca de on (onde) por o (ode)
Troca de un (untar) por u (utar)

Dificuldade de discriminação visual

É a incapacidade para diferenciar, interpretar ou recordar palavras, devido a uma disfunção do SNC.
Entre as dificuldades de discriminação visual destacamos:
  • Confusão de letras ou palavras semelhantes: a criança não nota detalhes, não consegue ver configurações gerais. Exemplo: bola e bolo; folha e falha.
  • Dificuldade no ritmo da leitura: a criança percebe a palavra quando ela é mostrada lentamente, mais não consegue ler as palavras mostradas com rapidez.
  • Reversão: troca o pelo d; pelo q. Exemplo: bebo, a criança lê “dedo”.
  • Inversão: lê o em lugar do n; em lugar do b. Exemplo: pouco/ponco; pala/bala.
  • Dificuldade em seguir seqüências visuais: a criança lê a palavra, mas quando é pedido para organizá-la em sílabas ou letras, erra a ordem e a soletração. Exemplo: ave – “vea”.
  • Dificuldade em ler da esquerda para a direita: a criança não respeita o sentido correto da leitura, o que resulta na escrita em espelho. Exemplo: tatu – “utat”.
  • Adição: a criança lê frases adicionando palavras que não estavam no texto. Exemplo:
O menino é grande.
O menino é bem grande.
  • Omissão: lê omitindo palavras ou frases inteiras. Exemplo:
O vestido vermelho da menina é bonito.
O vestido é bonito.
  • Repetição: repete palavras, linhas e parágrafos. Exemplo:
Eu vi um lindo cachorro no parque.
Eu vi um lindo lindo cachorro no parque.
  • Substituição: troca as palavras, mantendo ou alterando o significado da frase. Exemplo:
A menina vestiu a blusa.
A menina colocou a blusa.
O gato subiu no muro.
O gato fugiu no muro.
  • Agregação: lê acrescentando letras às palavras. Exemplo: caderneta – “carderneta”.

Leitura Silenciosa
O individuo deve ler o texto usando apenas os olhos, sem movimentar os lábios ou apontar com o dedo.
Nesse caso, espera-se que a leitura seja mais rápido que a oral, pois não envolve a articulação das palavras, o ritmo, a pontuação, entonação, etc...
É claro que durante os 1° anos a velocidade é a mesma, é com a experiência que a leitura silenciosa se torna mais rápida.
As dificuldades mais comuns são:
  • Leitura lenta, por causa dos problemas em reconhecer rapidamente as palavras impressas, já que as trocas auditivas e visuais que ocorrem na leitura oral, também ocorrem a leitura silenciosa.

Essa leitura lenta pode estar acompanhada de uma grande dispersão, porque o individuo apresenta dificuldade para reconhecer as palavras, tornando a leitura incompreensível, cansativa e desmotivadora

  • Leitura subvocal (cochichada), onde o individuo move os lábios emitindo ou não os sons. Isto ocorre porque a via visual não está sendo suficiente para captar e interpretar os símbolos impressos.
É um apoio articulatório que ajuda a decodificar os símbolos gráficos e a compreender a mensagem escrita.

  • Necessidade de apontar as palavras com lápis régua ou dedo.
A criança não consegue focalizar os 2 olhos num estímulo, precisa de um apoio para guiar os movimentos oculares.
Isto pode ser a causa também para a criança:
  • Perda da linha durante a leitura, podendo ocorrer salto de linhas
  • Repetição da mesma frase ou palavras várias vezes.

Compreensão da Leitura

Compreender o que se lê quer dizer perceber (entender) todo o significado do que está escrita.
Essa compreensão pode ser dividida em 3 níveis:
1° compreensão literal – engloba a compreensão das idéias propostas no texto.
Entender as idéias que estão no texto

2° Compreensão inferencial – uma análise das idéias que não estão contidas no texto, baseada nas experiências do leitor. Esta deve ser estimulada pelo professor, fazendo com que o aluno utilize suas experiências, pensamentos e imaginações para compreender o texto. São as entrelinhas
Exemplo: Bíblia.

3° Compreensão crítica – que é a comparação das idéias do autor com os referenciais internos do leitor.
Comparar as idéias do texto com as minhas.
Existem várias formas de avaliar a compreensão da leitura de um texto:
  • Pedir para o aluno contar o que entendeu após ter lido um texto. Depois compara as idéias do autor com as do leitor.
  • Depois da leitura, aplicar questões de múltipla escolha.
  • Após a leitura, pedir que o aluno responda perguntas abertas sob e o conteúdo.

As dificuldades de compreensão da leitura são ocasionadas por:

  • Geralmente, a criança com distúrbio em reconhecer palavras (auditivas e/ou visuais) possuem muita dificuldade na área da compreensão.
  • A dificuldade em compreender e decodificar o texto
  • Produzir tensão, ansiedade, resultando na recusa em ler.
  • Produz muito esforço e lentidão durante a leitura, transformando a estrutura semântica do texto. Podendo.
  • A falta da compreensão está ligada também à velocidade da leitura, pois a leitura silabada impede a retenção do texto.
  • O vocabulário oral e visual escasso também impede a compreensão do texto lido, pois o leitor irá encontrar palavras que desconhece o significado.
  • A utilização inadequada dos sinais de pontuação reduz a velocidade da leitura e pode modificar o significado do que está sendo lido.

Dislexia

É um termo que se refere à criança que apresentam sérias dificuldades de leitura e, conseqüentemente de escrita. É uma dificuldade na identificação dos símbolos gráficos, embora a criança apresente inteligência normal ou acima da média, integridade sensorial e receba estimulação e ensino adequados.
O diagnóstico é muito complexo, que envolvem várias áreas, sendo importante a opinião de vários profissionais para se realizar um diagnóstico perfeito.
Existem várias teorias para explicar a causa da dislexia, mas até hoje não se sabe ao certo.
Alguns dizem que a lateralidade cruzada ou indefinida seria a causa da dislexia, mas hoje, não se acredita que a Lateralidade seja a causa da dislexia.
Outros teóricos dizem que á dislexia é um distúrbio Psiconeurológico, onde a dificuldade seria decorrente de uma disfunção no SNC. Mas os estudos realizados até hoje não foram suficientes e precisam de mais investigação.
Existem teorias que acreditam na dislexia genética, mas essa caiu em descrédito.
Alguns autores acreditam na dislexia específica de evolução, onde ressaltam vários itens, entre eles estão:
  • A presença do fator hereditário;
  • Perturbação da imagem corporal:
  • Noções espaciais
  • Lateralidade
  • Disfunção no SNC
  • Coordenação visomotora
  • Transtornos emocionais, etc...
É importante lembrar que a dislexia raramente é encontrada de forma isolada. Normalmente ela está associada a outros distúrbios como a memória, orientação espacial-temporal, esquema corporal ou soletração.

Classificações da Dislexia

  • Dislexia disfonética – é a dislexia auditiva.
- trocas entre sons parecidos; P – b, F, V
- substituições de palavras por outros com significados semelhantes
- etc...
  • Dislexia disortográfica – é a dislexia visual.
- trocas visuais entre letras que diferem quanto à orientação espacial
p – g
b – d
u – n
- omissão do “h”
- trocas entre “ç” e “ss”
caça – cassa
“g” e “j”
gelo – jelo
etc

  • Dislexia mista – ocorrem trocas tanto disfonéticas quanto disortográficas.
Ainda temos:

Alexia que é a incapacidade total para ler devido a uma lesão cerebral.
A gráfica é a incapacidade total para escrever devido a uma lesão cerebral.

Sugestões para ajudar a criança disléxica

Entre as sugestões apresentadas pela Associação Brasileira de Dislexia (ABC), em texto de Marion Welchmann destacou:
  • Estabelecer horário para refeições, sono, deveres de casa e recreações.
  • As roupas do disléxico devem ser arrumadas na seqüência que ele vai vestir para evitar confusões e preocupações à criança (simplificada usando zíper em vez de botões, sapatos e tênis sem cordão e camisetas).
  • Quando for ensinar a amarrar os sapatos, não fique de frente para a criança; coloque-se a seu lado, com os braços sobre os ombros dela.
  • Como a criança dislexia tem muita dificuldade pra saber as horas, marque no relógio, com palavras, as horas das obrigações. Isso evita a preocupado da criança.
  • Para as que têm dificuldade com direita e esquerda, uma marca é necessária. Isso pode ser feito com um relógio de pulso, um bracelete ou um botão pregado no bolso do lado favorecido.
  • Reforçar a ordem das letras do alfabeto, cantando e dividindo-as em pequenos grupos.
  • Ensinar a criança a “sentir” as letras através de diferentes texturas de materiais, como areia, papel, veludo, sabão etc.
  • Ler histórias que se encontram no nível de entendimento da criança.
  • Instruir as crianças canhotas precocemente, para evitar que assumam posturas pouco confortáveis e mesmo prejudiciais, como encobrir o papel com a mão ao escrever.
  • Providenciar para que a criança use lápis ou caneta grossos, com película de borracha ao redor e que seja de forma triangular.
  • A criança disléxica confunde-se com o volume de palavras e números com que tem de se defrontar. Para evitar isso, arranjar um cartão aproximadamente 8 cm de comprimento por 2 cm de largura, com uma janela no meio, da largura de uma linha escrita e comprimento de 4 cm. Deslizando o cartão na folha à medida que a criança lê, ele bloqueia o acesso visual para as linhas de baixo e de cima e dirige a atenção da criança da esquerda para a direita.


Para ajudar a criança disléxica na escola
Sugestões
Motivos
1- Explique á criança quais são seus problemas
A criança normalmente já tem conhecimentos prévio de seus problemas, porém não sabe quais são nem o porquê. Uma explicação ajudará a compreensão de si mesma.
2 – Tente restaurar a confiança do aluno em si própria.
Como já tinha sido rotulado como “mau aluno”, agora vem à oportunidade para a criança vencer. Ela tem de compreender isto.
3 – Sente-se AL lado da criança.
Para diminuir a possibilidade de troca de posição (má orientação corporal), nunca sente na frente do aluno.
Sentando-se ao seu lado você cria uma atmosfera menos formal.
4 – Nunca force o aluno a aceitar a lição do dia.
Algumas vezes ele não está disposto a fazer suas lições. Existem outras maneiras de ensinar sem usar lápis e papel. Os jogos, por exemplo, podem ajudar. Seja versátil em relação às necessidades da criança
5 – Evite submeter o aluno á pressão de tempo ou competição com outras crianças.
Essas pressões fazem com que o aluno concentre-se em ser o primeiro e não em estar correto. Ser o primeiro é secundário quando o que importa é estar certo. A competição pode levar à amarga experiência de fracassos seguidos.
6 – Seja flexível em relação ao conteúdo da lição.
Algumas vezes a criança disléxica não está preparada para determinada lição, mesmo que se pense o contrário. Deixe tal lição de lado ou tente outra abordagem.
7 – Fique ciente da possibilidade de a criança disfarçar seus erros.
Crianças disléxicas tentam ás vezes, disfarçar seus erros através de artimanhas e artifícios (por exemplo, caligrafia ilegível), para evitar que seus erros sejam vistos.
8 – Use a crítica de uma maneira construtiva.
É preferível sempre mostrar as razões do erro e as maneiras de evitá-lo e superá-lo, a uma atitude negativista.
9 – Permita vários tipos de ajuda para auxiliar o aluno.
Certos artifícios podem auxiliar o aluno a se concentrar mais no objetivo de uma tarefa do que nos mecanismos de sua feitura. Por exemplo: um marcador qualquer ajudará a concentração na linha de leitura; uma máquina de datilografar erradicará uma caligrafia fraca e criará nova motivação; um gravador de som ajudará na lembrança de suas tarefas ou na explicação de como fazê-las.
10 – Estimule a criança a escrever em linhas alternadas.
Isso ajudará o professor a ler uma caligrafia imprecisa e freqüentemente amontoada, e também a fazer a correção próxima aos erros e não no fim da lição.
11 – Certifique-se que as instruções para determinadas tarefas de casa sejam entendidas pela criança.
A deficiência de coordenação visual e motora da criança disléxica resulta na cópia incorreta do quadro-negro. É preferível escrever as instruções de suas tarefas de casa e ler para ela certificando-se de que entendeu.
12 – Peça aos pais para que releiam as instruções das tarefas de casa.
A criança pode esquecer o que foi pedido na escola ou não conseguir ler instruções mais complexas.
Tempo e frustrações serão eliminados se os pais relerem as instruções da professora.
13 – Quando corrigir lições seja realista, mas não exagere.
Se o professor anotar todo erro, isso pode ser desagradável para a criança. O conteúdo da lição é o que importa e um comentário sobre sua importância é psicologicamente mais útil do que inúmeros sinais de correção.
14 – Não corrija lições com lápis ou canetas vermelhas
Correções com cor vermelha são desmoralizantes para as crianças com problemas de aprendizagem. Use maneiras mais sutis e corrija sem alardes pictóricos.
15 – Procure identificar áreas de interesse da criança.
Uma má vontade para aprender pode ser contornada usando-se material diferente. Por exemplo, não tire o estímulo da leitura das histórias em quadrinhos se a criança aprende através delas.
16 – Encontre livros de leitura que interessem a criança mesmo que eles sejam complexos para sua habilidade.
Na falta de material de leitura mais apropriado, que prenda a atenção da criança, tente suplementar com livros, mesmo que estejam acima de seu nível de leitura, conquanto que captam e mantenham sua atenção.


Distúrbio da Escrita

A escrita é a última etapa do desenvolvimento do comportamento verbal a ser adquirido. Seu principal objetivo é o de transmitir idéias, sentimentos, pensamentos e registrar a história do homem.
A evolução do grafismo se faz em ritmo pessoal, mas existem características comuns que iremos ver a seguir.

DESENVOLVIMENTO DO GRAFISMO
Estágio
Faixa etária
Características
Pré-caligráfico
de 5-6 a 8-9
  • A criança não possui perfeito domínio motor para os traçados gráficos;
  • Não tem controle na inclinação e dimensão das letras;
  • Não faz margens ou apresenta-as de forma desordenada;
  • Tem postura errada do tronco, cabeça e braços ao escrever;
  • Copia as palavras letra por letra.
Caligráfico
de 10 a 12 anos
  • A criança já domina as dificuldades em pagar e manejar os instrumentos gráficos;
  • Apresenta escrita mais rápida e regular;
  • Distribui corretamente as margens;
  • Tem melhor postura da cabeça e do tronco (mais longe do papel);
  • Sua escrita emita o modelo: é ainda pouco pessoal.
Pós-caligráfico
dos 11 anos em diante
  • Modificar a escrita, dada a necessidade de maior rapidez para acompanhar o pensamento a as atividades escolares;
  • Tem postura correta.



Postura para a escrita

A dominância lateral é uma questão importante neste aspecto.
A criança canhota deve ser orientada em relação á sua postura ao escrever.
- o papel deve ser colocado no campo esquerdo da criança inclinado para a direita;
- a mão de ser colocada abaixo da linha para escrever.
- corpo ligeiramente inclinado para frente.
- evitar a posição de “mão em asa”
É importante a criança realizar exercícios gráficos de coordenação visomotora, noções esquerda / direita, orientação espacial.
Lembrar que esses exercícios devem ser diferenciados para as crianças canhotas.
O objetivo do exercício é que a criança visualize o modelo e o reproduza no lugar determinado.
Fatores que interferem no desenvolvimento Gráfico

Iremos apontar alguns fatores principais:
1 – Desenvolvimento da motricidade

A escrita exige certa habilidade manual, desde o modo de pegar no lápis que implica na capacidade motora de colocar os dedos em “pinça”

2 – Desenvolvimento da linguagem oral:

Para escrever, as crianças precisam falar corretamente os sons das palavras.
Se a criança ao falar, troca as letras, inverte a seqüência dos sons, tem um vocabulário pobre, terá dificuldade para escrever e isto também irá ficar representado em sua ortografia, com:
  • Retoques
  • Más formações de letras e palavras.

3 – Desenvolvimento das habilidades de orientação espacial e temporal:

Ao escrever, a criança deve respeitar a seqüência dos sons e obedecer a uma determinada orientação e seqüência espacial.
Exemplo:
  • Escrever a esquerda para direita
  • Tamanho das letras
  • Espaço entre as palavras
  • Etc...

4 – Desenvolvimento da coordenação Visomotora:

A criança deve ter movimentos coordenados dos olhos, braços, mão e também uma preensão perfeita do lápis.
Os olhos é que guiam os movimentos motores da mão.

5 – Memória visual e auditiva:

Problema na discriminação auditiva provoca dificuldade na leitura, na fala e conseqüentemente na escrita.
E na visual a criança não irá se lembrar como é a grafia da palavra.

6 – Desenvolvimento Sócio – afetivo:

A criança precisa ter motivação para aprender, já que essa aprendizagem da escrita é na escola, é importante o individuo ter bom relacionamento com os professores e colegas de classe e principalmente com a família, assim ele irá sentir-se motivado ir para a escola e aprender.
A deficiência em alguns desses fatores pode acarretar em uma dificuldade de aprendizagem da escrita.
Disortografia

É a incapacidade de transcrever corretamente a linguagem oral, havendo trocas ortográficas e confusão de letras.
Essa dificuldade não diminui a qualidade do traçado das letras.
É claro que nos primeiros anos (mais ou menos até o 3° ano) ainda haja trocas de letras, porque a relação entre Palavra Impressa e som, ainda não está totalmente automatizada.
Exemplo: necessidade / nececidade
Temos que observar o nível de escolaridade, a freqüência e os tipos de erros.
Os erros da escrita aumentam à medida que as palavras não são tão utilizadas. Não podemos avaliar a ortografia da criança utilizando palavras que não fazem parte do seu vocabulário visual.
Se não conhece a palavra e seu significado, também não conhece a grafia.

Avaliando a Disortografia

Normalmente é utilizado o ditado, mas é importante lembrar que o ditado deve ser realizado com palavras do cotidiano da criança.
Devemos avaliar a criança de maneira qualitativa, ou seja, o tipo de erro que cometeu.
Exemplo: temos duas crianças da 2ª série e as duas cometem um erro no ditado.
A 1ª troca o “m” por um “c”, em vez de escrever “mapa” escreve “capa”.
A 2ª apresenta uma omissão, escreve “hospital” em vez de “hospital”.

No 1° caso, fica claro que a criança ainda não domina (automatizou) a relação LETRA-SOM.
No 2° a criança omite a letra “h” que não tem nenhuma representação sonora.
O erro da 1ª é mais grava que o da 2ª.

Outro aspecto importante é verificar os acertos quando a criança, não só o erro. Para poder ter noção do conhecimento que a criança já adquiriu.
O ditado é importante para o diagnóstico da disortográfica.

As trocas ortográficas são diferentes em 3 grandes grupos:

1ª Trocas auditivas

Ocorrem entre sons acusticamente próximos

CONSOANTES SURDAS
CONSOANTES SONORAS
f
p
ch
t
s
c
v
b
j
d
z
g



VOGAIS NASAIS
VOGAIS ORAIS
an
en
in
on
un
a
e
i
o
u


SÍLABAS COM TONICIDADES SEMELHANTES
ão
am
Exemplo: criança que escreve “tubaram” em vez de tubarão ou “encontram”, em vez de “encontrarão”.


2ª Trocas visuais

- trocas que diferem quanto à orientação espacial
b – d p – q

- quanto à discriminação de detalhes
e – a b – h f – t

- em relação ás configurações gerais semelhantes
pato – pelo

O som de “z” que pode ser representado por “s” em “casa” – “caza”.
Por “x”
exame – ezame
Neste último caso, a grafia está ligada à memória visual.
- Nas trocas do tipo visual também encontramos erros relativos à seqüência das letras dentro das palavras, se isso não acontecer podem surgir erros de imersões, omissões ou adições de letras.
Exemplo:
trem - têmr
sisso – simo
barco – braço
parafuso – parafuro
tesoura – teusora
moeda – mieda

3ª disortográfica do tipo misto

Ocorrem trocas auditivas e visuais, e é raro encontrar as crianças, e sua reeducação é difícil.

Para se realizar uma boa Avaliação da disortografia, pode-se utilizar a Classificação Estrutural dos Erros Ortográficos.

A – chave Primaria: os erros que se enquadram nesta etapa são comuns em crianças que estão iniciando o processo de alfabetização, mas devem desaparecer ao término da 1ª série (ou 2º ano).
- Nível – corresponde aos seguintes erros:

1 – Aqui, enquadram-se todas as trocas auditivas, visuais e mistas.
Exemplo de grafias de crianças que escrevem:
  • fento em vez de vento
  • babo em vez de dado
  • dada em vez de cada
  • Tum em vez de tem

2 – omissões de letras ou sílabas, exemplos:
  • Escrever “tote” em vez de “tomate”
  • A omissão do “h” no início das palavras, como hospital, não de ser computada neste item.

3 – adições de palavras, sílabas ou letras, exemplos:
  • Escrever “maapa” em vez de “mapa”
  • atéque” em vez de “até que”

4 – alterações na seqüência de letras ou de sons dentro das palavras, exemplos:
  • macada” em vez de “camada”.
  • caramão” em vez de “camarão”

– separação indevida de palavras, exemplos:
  • anti gamente” em vez de “antigamente”
  • al moçar” – “almoçar”

6 – substituição entre as letras:
- “já, jô, ju” e “ga, go, gu”.
Exemplo:
  • Escreve “jalo” em vez de “galo”
  • joela” – “goela”


B – Chave Secundária

As dificuldades ortográficas caracterizam-se pela não correspondência unívoca entre Som e Letra, ou seja, um som pode ser representado por uma ou mais letras.

- Nível II – os erros que devem ser classificados como pertencentes a este nível são:

1 – Fonemas que são representados por dois grafemas independentes como no caso do:
  • lh”, “nh”, “ch”, “rr”, “ss”, “qu”.
Exemplo:
A criança escreve:

  • coler” em vez de “colher”
  • caro” em vez de “carro”
  • asado” em vez de “assado”
  • qeijo” em vez de “queijo”

2 – Confusões que envolvem o “que”, “qui”, e o “ce” e “ci”.
Exemplo:
  • Escreve “cente” em vez de “quente”

3 – Erros que envolvem a representação do “g” antes do “e” e do “i”
  • Escrever “gerra” em vez de “guerra”
  • gitarra” – “guitarra”

4 – Omissão do “r” ou do “l” em qualquer uma das combinações:
bl, br, dr, cl, cr, fl, gl, gr, pl, pr, tl, tr, exemplo:
  • Escrever “baço” em vez de “braço”
  • puma” – “pluma”

5 – trocas entre as sílabas “al” e “au”
Exemplo:
  • auto” em vez de “alto”
  • pouvo” em vez de “polvo”

6 – substituição do “m” pelo “n” antes de “p” e de “b”.
Exemplo:
  • escreve “bonba” em vez de “bomba”
  • canpo” – “campo”

7 – substituição de letras maiúsculas por minúsculas, ou vice versa.
Exemplo:
  • pedro” – “Pedro”
  • joão” falou que está com “Fome”

8 – trocas entre:
ca, ço, çu, ce, ci.
Exemplo:
  • Escrever “beico” em vez de “beiço”
  • çamada” – “camada”
  • çebola” – “cebola”

C – Chave Terciária
Aqui estão as situações mais complexas da escrita.
As dificuldades ortográficas só se resolvem levando em consideração a palavra como um todo ou a oração na qual a palavra está inserida.

Nível III – Os erros neste nível são os seguintes:
1 – Substituição entre as letras:
- “g” (ge,gi) e “j”.
Exemplo:
  • Escreve “jelo” em vez de “gelo”
  • májico” – “mágico”
  • gilo” – “jiló”

2 – Troca de “q” por “c” ou vice – versa.
Exemplo:
  • Escreve “cuando” em vez de “quando”
  • qama” – “cama”

3 – Uso de “s” em vez de “c”, quando o som é “s”.
Exemplo:
  • Escreve “sedo” em vez de “cedo”
  • pace” – “passe”

4 – Troca as letras “s”, “ss” e “ça, ço, çu”.
Exemplo:
  • Escreve “cassa” em vez de “caça”
  • maça” – “massa”

5 – Troca de “s” por “z” quando o som é de “z”.
Exemplo:
  • Escreve “caza” em vez de “casa”
  • Incluem todos os erros em palavras que terminem com “z”.

6 – Todas as trocas da letra “x”.
Exemplo:
  • Escreve “licho” em vez de “lixo”
  • fiquiso” – “fixo”
  • maxado” – “machado”

7 – Omissão ou adição da letra “h”.
Exemplo:
  • Escreve “otel” em vez de “hotel”
  • hontem” – “ontem”

Nível IV – neste nível são registrados todos os erros referentes ao obscurecimento de fonemas.

1 – Erros com:
“sc”, “xc” e “ns”.
Exemplo:
  • piscina” – “pisina” ou “picina”

2 – Obscurecimento no caso de vogais duplicadas:
Exemplo: escreve:
  • álcol” – álcool”
  • zológico” – “zoológico”

3 – Omissões de semi – vogais em ditongos
Exemplo: escreve:
  • cadera” – “cadeira”
  • tesora” – “tesoura”

4 – Omissões ou uso indevido de acentos.
Exemplo: escreve:
  • sería” – “séria”
  • cafe” – “café”

5 – Obscurecimento do som “L” quando antecedendo a “u”.
Exemplo: escreve:
  • útimo” – “último”
  • cupa” – “culpa”

6 – Omissões do som /R/ que aparece no final dos verbos quando estão no infinitivo.
Exemplo: escrever:
  • come” – “comer”

Nível V – Erros que ocorrem em palavras que se escrevem de uma ou outra maneira dependendo do contexto em que estão inseridas.
Exemplo:

A palavra “concerto” e “conserto”, dependendo do contexto se escreve com “s” ou com “c”.

Para podermos fazer a análise precisamos saber:

- Os erros mais graves se encontram à chave Primária.
Depois da 1ª série (ou 2° ano) os alunos já não devem cometer esses erros.
- A criança até o final da 2ª série (3° ano) devem ter superado os erros da chave Secundária.
- Os erros da Chave Terciária são os menos graves. Essas trocas dependem do vocabulário visual, atenção e memória visual da criança.
Com essa análise o professor pode verificar o nível ortográfico do aluno e a etapa de desenvolvimento ortográfico que aluno se encontra.
Esse é o ponto de partida para se desenvolver uma ajuda para que a criança supere suas dificuldades ortográficas.

Orientações

- Estimular a memória visual da criança: quadros com letras do alfabeto, números e palavras para que utilize-os enquanto faz seu trabalho escrito.
- Não exigir que a criança escreva 20 vezes a palavra, não irá resolver.
- Auxiliá-la de maneira positiva.

Dentro da disortografia temos que destacar ainda, os erros de formulação e sintaxe.
A criança não consegue transmitir seu conhecimento oral para a escrita.
As crianças conseguem ler com fluência, linguagem oral perfeita, compreende e copia palavras sem dificuldade.

  • Formulação – apresenta dificuldade em colocar seu pensamento em símbolos gráficos em uma folha de papel.
  • Quando é pedido para a criança escrever uma redação, carta ou responder questões de uma prova, ela fica parada, não consegue transmitir para o papel seus conhecimento adquiridos na linguagem oral ou pela leitura (também boa compreensão), não consegue produzir seu próprio texto.
  • Sintaxe – esta dificuldade pode aparecer independentemente da dificuldade de formulação.
Ocorrem erros como omissão de palavras, ordem errada das palavras, uso incorreto dos verbos e dos pronomes e falta de pontuação.

Disgrafia

A criança não é portadora de problemas visuais e nem motores, muito menos comprometimento intelectual ou neurológico.
Disgrafia é chamada também de “letra feia”. A criança não consegue transmitir para o plano motor o que captou no plano visual.
A disgrafia não precisa estar associada à disortografia. Mas a criança disortográfica normalmente apresenta a disgrafia, porque pode estar tentando esconder seus erros ortográficos; ou não se lembra da grafia correta, onde escreve lentamente retocando a letra, etc...
É possível encontrar crianças disgráficas que não apresentam qualquer tipo de disortografia.

Podemos caracterizar a disgrafia em 3 grupos distintos:

- Má organização da página

Está ligada à orientação espacial.
  • Dificuldade em organizar adequadamente sua escrita em uma folha de papel;
  • Apresentação desordenada do texto com margens mal feitas ou inexistentes;
  • Espaços entre palavras e linhas irregulares

Má organização das Letras:

  • Traçado de má qualidade
  • Letras irregulares
  • Letras deformadas
- Erros de Formas e Proporções:
  • Limpeza do traçado
  • Letras muito grande ou pequena
  • Desorganização das formas
  • Escrita alongada ou comprida

Fatores que causam as disgrafias

  • Postura inadequada para se sentar
  • Pegar o instrumento de escrita de maneira inadequada
  • Coordenação motora fina
  • Incapacidade de organização do traçado gráfico na folha.
  • Desenvolvimento motor
  • Predomínio lateral
  • Orientação e organização espacial
  • Ortografia – não se lembra qual a grafia para representar o som.
  • Adaptação afetiva
  • O porque de escrever igual - desinteresse
  • Ansiedade – crianças ansiosas porque não conseguem controlar o traçado das mãos
  • Tímida letra pequena
  • Extrovertida letra grande

Os diferentes tipos de Disgrafia

O desenvolvimento da disgrafia depende muito das características individuais de cada criança.
Ajuriaguerra diferenciou 4 tipos de disgrafia:

Rígidos: principal característica é a rigidez e a tensão.
  • Forte pressão sobre o instrumento de escrita.
  • Traçado inclinado
  • Comprido
  • Sobrecarregado de ângulos e empelotamento.

Relaxados – relaxamento geral no traçado
  • Irregularidade de direção
  • Irregularidade das letras
  • Linhas mal feitas
  • Margens desorganizadas

Impulsivos – traçado rápido e precipitado
  • Falta de controle (firmeza)
  • Falta de organização
  • Escrita irregular e instável
  • Prolongamento nos finais das palavras, acento e pontuação

Lentos exatos – principal característica é a busca da precisão e controle.
  • Escrita regular na dimensão e inclinação
  • Excessivamente lenta

Uma atividade são os cadernos quadriculados.

Distúrbios de aritmética

Discalculia

É um distúrbio de aprendizagem que causa dificuldade na matemática. Não causado por deficiência mental, nem por problemas na audição ou visão. Possivelmente é alguma disfunção no SNC e causas pedagógicas.
A criança comete erros diversos:
  • Na solução de problemas verbais,
  • Habilidade de contagem
  • Compreensão dos números

É importante lembrar que se a criança apresenta algum distúrbio de leitura, escrita ou fala, ela poderá ter dificuldade também na aritmética.
Como na memória visual ou auditiva
- visual – não lembra dos símbolos numéricos, não conseguindo escrevê-los
- auditivos – não consegue recordar o numero com rapidez.
As crianças com distúrbio de leitura, inclusive os disléxicos, apresentam dificuldade em ler o enunciado dos problemas, mas podem ser capazes de realizar cálculos mentais quando as questões são lidas em voz alta.
Percepção visual afeta tanto na leitura como na escrita, podendo ocorrer erros como: troca 6 por 9
3 por 8
2 por 5
Kocs classificou a discalculia em 6 subtipos:

  1. Discalculia Verbal – dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, Os termos, os símbolos e as relações.
  2. Discalculia Practognóstica – dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em imagens matematicamente.
  3. Discalculia Léxica – Dificuldade na leitura de símbolos matemáticos.
  4. Discalculia Gráfica – Dificuldade na escrita de símbolos matemáticos.
  5. Discalculia Ideognóstica – Dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos.
  6. Discalculia Operacional – Dificuldade na execução de operações e cálculos numéricos.

Dificuldades das crianças

  • Estabelecer correspondência um a um
Exemplo: não relaciona o número de alunos de uma sala ao número de carteiras.
  • Não relaciona o símbolo à quantidade
Exemplo: Tenho 6 laranjas, mais não compreende que isso representa o número 6.
  • Faz contagem oral mas não identifica o número visualmente.
  • Seqüenciar número. O que vem antes do 11 e depois do 15.
  • Conservar a quantidade
Exemplo: não compreende que 1 quilo é igual a 4 pacotes de 250 gramas
  • Compreender os sinais
+, -, ÷, x
  • Não sabe direita e esquerda
  • Obedecer e recordar a seqüência dos passos que devem ser dados em operações matemáticos.
Exemplo: 25
x 5
_____


Escolher os princípios para solucionar problemas de raciocínio aritmético.
Exemplo: a criança consegue ler as palavras e resolver os problemas se dizer a ela se dizer a ela se deve somar, multiplicar, etc. Mas sem ajuda não consegue determinar o processo que deve usar.

Orientações
Ajuda do professor:
O aluno deve ter um atendimento individualizado por parte do professor que deve evitar:
  • Ressaltar as dificuldades do aluno, diferenciando-o dos demais:
  • Mostrar impaciência com a dificuldade expressada pela criança ou interrompê-la várias vezes ou mesmo tentar adivinhar o que ela quer dizer completando sua fala;
  • Corrigir o aluno freqüentemente diante da turma, para não o expor;

Dicas para o professor:
  • Não force o aluno a fazer as lições quando estiver nervoso por não ter conseguido;
  • Explique a ele suas dificuldades e diga que está ali para ajudá-lo sempre que precisar;
  • Proponha jogos na sala;
  • Não corrija as lições com caneta vermelha ou lápis;
  • Procure usar situações concretas, nos problemas.

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