Língua Portuguesa 2

Prof.ª Fernanda

“Notai bem isto; entre todas as coisas que sabemos, a nossa língua é a que devemos saber melhor, porque ela é a melhor parte de nós mesmos, é a nossa tradição, o veículo do nosso pensamento, a nossa pátria e o melhor elemento da nossa raça e da nossa nacionalidade.”
(Julia Lopes de Almeida)


História da Língua Portuguesa: do latim ao português atual.

O Surgimento da língua portuguesa está profunda e inseparavelmente ligado ao processo de constituição da Nação Portuguesa.


De início, simples falar de um povo de cultura rústica, que vivia no centro da Península itálica (o Lácio), a língua latina veio com o tempo desempenhar um extraordinário papel na história da civilização ocidental,
devido ao êxito político do povo que dela se servia.

Na região central da atual Itália, o Lácio, vivia um povo que falava latim. Nessa região, posteriormente foi fundada a cidade de Roma. Esse povo foi crescendo e anexando novas terras a seu domínio. Os romanos chegaram a possuir um grande império, o Império Romano. A cada conquista, impunham aos vencidos seus hábitos, suas instituições, os padrões de vida e a língua.

Existiam duas modalidades do latim: o latim vulgar (sermo vulgaris, rusticus, plebeius) e o latim clássico ( sermo litterarius, eruditus, urbanus). O latim vulgar era somente falado. Era a língua do cotidiano usada pelo povo analfabeto da região central da atual Itália e das províncias: soldados, marinheiros, artífices, agricultores, barbeiros, escravos, etc. Era a língua coloquial, viva, sujeita a alterações freqüentes. Apresentava diversas variações. O latim clássico era a língua falada e escrita, apurada, artificial, rígida, era o instrumento literário usado pelos grandes poetas, prosadores, filósofos, retóricos... A modalidade do latim imposta aos povos vencidos era a vulgar. Os povos vencidos eram diversos e falavam línguas diferenciadas, por isso em cada região o latim vulgar sofreu alterações distintas o que resultou no surgimento dos diferentes romanços ou línguas românicas: francês (séc.IX), espanhol (séc. X), italiano (séc. X), sardo (séc. XI), provençal (séc. XII), rético (séc. XII), catalão (séc. XII/XIII), português (séc. XIII), franco-provençal (séc. XII), dálmata (séc. XIV) e romeno (séc. XVI).

No século III a.C., os romanos invadiram a região da península ibérica, iniciou-se assim o longo processo de romanização da península. A dominação não era apenas territorial, mas também cultural. No decorrer dos séculos, os romanos abriram estradas ligando a colônia à metrópole, fundaram escolas, organizaram o comércio, levaram o cristianismo aos nativos. . . A ligação com a metrópole sustentava a unidade da língua evitando a expansão das tendências dialetais. Ao latim foram anexadas palavras e expressões das línguas dos nativos.

No século V da era cristã, a península sofreu invasão de povos bárbaros germânicos ( vândalos, suevos e visigodos). Como possuíam cultura pouco desenvolvida, os novos conquistadores aceitaram a cultura e língua peninsular. Influenciaram a língua local acrescentando a ela novos vocábulos e favorecendo sua dialetação já que cada povo bárbaro falava o latim de uma forma diferente.

Com a queda do Império Romano, as escolas foram fechadas e a nobreza desbancada, não havia mais os elementos unificadores da língua. O latim ficou livre para modificar-se.

As invasões não pararam por aí, no século VIII a península foi tomada pelos árabes. O domínio mouro foi mais intenso no sul da península. Formou-se então a cultura moçárabe, que serviu por longo tempo de intermediária entre o mundo cristão e o mundo muçulmano. Apesar de possuírem uma cultura muito desenvolvida, esta era muito diferente da cultura local o que gerou resistência por parte do povo. Sua religião, língua e hábitos eram completamente diferentes. O árabe foi falado ao mesmo tempo em que o latim (romanço). As influências lingüísticas árabes se limitam ao léxico no quais os empréstimos são geralmente reconhecíveis pela sílaba inicial al-correspondente ao artigo árabe: alface, álcool, Alcorão, álgebra, alfândega... Outros: bairro, berinjela, café, califa, garrafa, quintal, xarope...

Embora bárbaros e árabes tenham permanecido muito tempo na península, a influência que exerceram na língua foi pequena, ficou restrita ao léxico, pois o processo de romanização foi muito intenso.
Os cristãos, principalmente do norte, nunca aceitaram o domínio muçulmano. Organizaram um movimento de expulsão dos árabes (a Reconquista). A guerra travada foi chamada de "santa" ou "cruzada". Isso ocorreu por volta do século XI. No século XV os árabes estavam completamente expulsos da península.

Durante a Guerra Santa, vários nobres lutaram para ajudar D. Afonso VI, rei de Leão e Castela. Um deles, D. Henrique, conde de Borgonha, destacou-se pelos serviços prestados à coroa e por recompensa recebeu a mão de D. Tareja, filha do rei. Como dote recebeu o Condado Portucalense. Continuou lutando contra os árabes e anexando novos territórios ao seu condado que foi tomando o contorno do que hoje é Portugal.

D. Afonso Henriques, filho do casal, funda a Nação Portuguesa que fica independente em 1143. A língua falada nessa parte ocidental da Península era o galego-português que com o tempo foi diferenciando-se: no sul, português, e no norte, galego, que foi sofrendo mais influência do castelhano pelo qual foi anexado. Em 1290, o rei D. Diniz funda a Escola de Direitos Gerais e obriga em decreto o uso oficial da Língua Portuguesa.

Palavras de origem gótica que já pertenciam ao latim vulgar: albergue, arrear, bando, espora, guarda, guerra, trégua, espeto, mofo, taco, etc.

Palavras peculiares à Península Ibérica e à França: agasalhar, brotar, estaca, roupa, sítio.
Palavras privativas dos idiomas ibero-românico: ganso, íngreme, aio, aia.

Palavras portuguesas de origem árabe: aljava arrebatar, ronda, zaga, açafrão, açúcar, alcachofra, alecrim, alface, alfazema algodão, berinjela, armazém, arroba, quintal, alfaiate, tambor, álgebra, álcool.

Períodos evolutivos da Língua Portuguesa

Os primeiros documentos da língua portuguesa datam do século XIII, escritos em galego-português, inicia-se então a fase histórica da língua portuguesa, que como todo idioma dotado de vitalidade, não se tem mantido uniforme nem no tempo, nem no espaço.

José Leite de Vasconcelos (lingüista) distingue as seguintes etapas de evolução da língua portuguesa do latim ao português atual:
a)latim lusitânico, língua falada na Lusitânia, desde a implantação do latim até o século V;
b)romance lusitânico, língua falada na Lusitânia, do século VI ao século IX, da qual, como fase anterior, não temos nenhum documento escrito;
c)português proto-histórico, língua falada na Lusitânia, do século IX até fins do século XII, e da qual podemos vislumbrar algumas características nas palavras intercaladas em textos do latim bárbaro;
c) português arcaico, que vai de princípios do século XII até a primeira metade do século XVI, quando a língua começa a ser codificada gramaticalmente;
d)português moderno, que se estende da segunda metade do século XVI até os dias que correm.

Domínio atual da língua portuguesa

Atualmente o português é a língua oficial do Brasil, de Portugal, de Angola, de Cabo Verde, de Guiné-Bissau, de Moçambique, de São Tomé e Príncipe, e de Timor Leste.

Fora das regiões pertencentes ao domínio político de Portugal, do Brasil, das Repúblicas africanas e de Timor Leste, o português é falado em povoações espanholas da zona raiana, na província de Zamora; na província de Salamanca, na província de Cáceres. Também nas áreas fronteiriças do Brasil a língua portuguesa tem penetrado em territórios de língua espanhola, formando não raro um dialeto misto.

Atualmente a Língua portuguesa é a oitava língua mais falada no mundo, sendo a terceira entre as línguas ocidentais, após o inglês e o castelhano.
O português é uma das línguas oficiais da União Européia (ex-CEE) desde 1986, quando da admissão de Portugal na instituição. Em razão dos acordos do Mercosul (Mercado Comum do Sul), do qual o Brasil faz parte, o português é ensinado como língua estrangeira nos demais países que dele participam.
Em 1996, foi criada a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que reúne os países de língua oficial portuguesa com o propósito de aumentar a cooperação e o intercâmbio cultural entre os países membros e uniformizar e difundir a língua portuguesa.

A língua Portuguesa no Brasil.

Projeto:

Gramática

O que é gramática?

Gramática: sf. 1. Estudo ou tratado dos fatos da linguagem e das leis naturais que a regulam. 2. Livro onde se expõem as regras da linguagem.
ou
A Gramática é a disciplina que orienta e regula o uso da língua, estabelecendo um padrão de escrita e de fala baseado em diversos critérios: o exemplo de bons escritores, a lógica, a tradição ou o bom senso. A matéria-prima dessa disciplina é o sistema de normas que dá estrutura a uma língua. São essas normas que definem a língua padrão, também chamada língua culta ou norma culta.

A primeira gramática da língua portuguesa foi impressa em Lisboa, 1536 – Grammatica da lingoagem portuguesa, de Fernão de Oliveira.

Tipos de Gramática: Normativa, Descritiva, Internalizada, Histórica e Comparativa.



GRAMÁTICA HISTÓRICA E GRAMÁTICA COMPARATIVA
Também se pode falar de gramáticas específicas, como a Gramática Histórica, que estuda a origem e a evolução histórica de uma língua, e a Gramática Comparativa, ou Lingüística Comparada, que se dedica ao estudo comparado de uma família de línguas. O Português faz parte de Gramática Comparativa das línguas românicas ou neolatinas.
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da nação brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Oswald de Andrade 1922.

Divisões da gramática normativa: Fonética e Fonologia, Morfologia, Sintaxe e Semântica.
a) Fonética e Fonologia – Estudo dos fonemas da língua.
b) Morfologia – Estuda a forma das palavras.
c) Sintaxe – Preocupa-se em estabelecer relações entre dois termos da língua.
d) Semântica - Estuda a significação das palavras.

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